quinta-feira, 8 de julho de 2010

Manual de Gentilezas do Executivo


Este é o brilhante livro de Steve Herrison, que através de casos e exemplos nos mostra que ser gentil no mundo corporativo é possível, viável e acima de tudo, traz economias ou resultados financeiros. O livro é uma delicadeza, um oásis no meio da selva competitiva em que vivemos!

Ontem, estava em um treinamento em uma empresa de serviços que está com um turnover altíssimo, em franca expansão e, consequentemente, com muita dificuldade de recrutar. Nosso trabalho era capacitá-los em entrevista de seleção por competência. O tema era relevante para eles. A empresa reconhecia e proporcionava esta capacitação. Era um curso de 2 dias. No primeiro dia, uma renomada consultoria internacional para falar de clima e motivação. Nós, no segundo dia, também de uma importante consultoria, falando da entrevista. O investimento de tempo, dinheiro e energia desta empresa é enorme. Todos concordam com isso. Mas, em plena sala de aula, os celulares não podem ser desligados. Eles tem emails, pendências, chamados para reuniões, broncas e demandas on line, vindas de seus diretores, que os solicitam mesmo sabendo que estão em curso! Tendi a me sentir desrespeitada. Oscilei entre ser compreensiva ou me impor. Mas, a verdade, é que o nível de estresse dos treinandos era enorme! Os coitados tentavam desesperadamente fazer as duas coisas ao mesmo tempo. Tentavam responder aos diretores, prestar atenção e não serem descorteses comigo... Quanta energia gasta! Dava para sentir a tensão no ar... Fiquei pensando se realmente precisa ser assim. Se tudo isso faz sentido. Eles não são um hospital de emergência! São só uma empresa de prestação de serviços que nem serviços essenciais são... Estão doentes! Quanta falta de gentileza! Por isso, este capítulo do livro caiu como uma luva para mim. Vejam e me digam.

DEFININDO GENTILEZA
"Todos nós, uma vez ou outra, usamos a palavra gentileza ou suas variantes. Podemos associar gentileza com ser atencioso, cortês, agradável, honesto, honroso, preocupado, adequado, fino, respeitável, prestativo ou útil. Falamos de atos decentes, comportamentos decentes, uma pessoa decente, um salário decente. Nós nos encontramos relacionando uma palavra que reflete comportamentos específicos (...)
Aqui vai uma típica definição de dicionário para gentilezas:
Gestos, ambientes ou serviços considerados necessários para um padrão de vida aceitável.
Eu gostaria de estender a definição para os nossos objetivos:
Uma gentileza comercial é um gesto livremente oferecido sem a expectativa de recompensa que, seja ele pequeno ou grande, muda a cultura corporativa para melhor.
(...)
Um gentileza é um gesto discreto ou uma ação discreta. É óbvio que uma gentileza tem de ser realizada para tenha significado. Não é uma intenção ou uma atitude, embora ambas, frequentemente, venham primeiro.
Querer ser respeitável é como querer perder peso. "Eu quero ser respeitável" está para ser realmente respeitável tanto quanto "Eu quero perder peso" está para, de fato, perder peso. As intenções são boas, mas, ma verdade, ser respeitável, como, na verdade, perder peso, precisam de ação.
Uma gentileza genuína é oferecida livremente. Uma gentileza não pode ser forçada por um supervisor nem exigida por uma política empresarial. Ela é voluntária por parte da pessoa que a oferece porque, neste caso, ela é consistente com os valores do indivíduo - e, esperançosamente, da organização. Por favor, não confunda gentilezas com obrigações ou ordens. Oferecer aos empregados condições seguras de trabalho não é, pela definição deste livro, uma gentileza; é somente o mínimo necessário para atuar em negócios codificados por órgãos como US Occupational Safety and Health Administration (Administração de segurança Ocupacional e saúde dos EUA). Um local de trabalho de oportunidades iguais e livres de assédio não é uma gentileza; é uma expectativa que se tornou norma e é reforçada pela lei. Enquanto a série contínua de gentilezas e ordem está sempre evoluindo, o que é importante é que no momento em que o pequeno gesto de gentileza é feito, quem o faz está agindo por vontade própria.
Agir sem expectativa de recompensa é essencial. Se você oferece um gesto com a expectativa de reciprocidade explícita, ele se torna uma forma de escambo. Não há nada de errado nisso; a grande maioria de interações humanas funciona assim. (...)Um gesto, por mais que respeitável, oferecido para antecipar um motivo explícito, por mais que benéfico, não é uma gentileza e, sim, suborno. Ter um motivo inconfesso ou oculto também nega a gentileza. As pessoas geralmente conseguem sentir uma intenção oculta vindo a um quilometro de distância e, quando o sentem, elas correm - não andam - para outra direção.
Gentilezas verdadeiras não são transacionais. É a qualidade unilateral e espontânea da gentileza que a faz tão inesperada e poderosa. Por isso, as gentilezas não são mais meramente transacionais; elas são transformadoras. Elas t~em o poder de transformar tanto quem as faz quanto quem as recebe (o receptor), e de afetar a cultura (da empresa) ao tempo.
(...) A decisão de oferecer uma gentileza realmente produz um benefício (uma mudança positiva na cultura. Nós não temos meios de saber qual é o benefício ou quando ele será recompensado. Enquanto certamente esperamos que nossas empresas se beneficiem, não esperamos nenhum benefício pessoal. Com base nisso, afirmo que gentilezas são oferecidas sem nenhuma expectativa de recompensa. Não poderá haver nenhuma análise de ROI (Retorno do Investimento) de uma gentileza, precisamente porque ela não pode ser medida, e, no esforço para aplicar uma métrica, ela deixa de ser uma gentileza.(...)
A decisão de agir com gentileza é parte da responsabilidade de liderança: depende de cada um nós dirigir as culturas nas quais trabalhamos. O que não está bem, o que não funciona, é quando uma gentileza é oferecida com a específica expectativa de um dar e receber por parte do receptor.(...)
No ambiente corporativo, defendo que a gentileza ocupa um lugar vital.

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