sábado, 16 de abril de 2011

Gerações baby-boomer, X, Y e Z: Adriana Prates fala do conflito de geraç...

O estilo de gestão dos empreendedores aos 20, aos 30 ou depois dos 40 anos


Matéria de capa da Empresas & Negócios, ed abril/11, por Elisa Corrêa.

Nesta interessante matéria foi identificado o Estilo de Gestão de quem está nos 20 anos

" 1) Expert em tecnologia, os jovens dessa faixa etária nasceram digitais. Redes sociais, aplicativos e tudo o que se refere à rede é natural para eles.
2) Hierarquia é um termo praticamente banido do vocabulário. Na bolsa de valores da chamada geração Y, cooperação vale mais que competição. Colaboradores são tratados como amigos e regras não são importantes.
3) Recém-saídos da escola, eles empreendem sem vícios. Pensar fora da caixa, portanto, não é nenhum sacrifício. O resultado: facilidade para inovar.
4) Conectados com o mundo todo mesmo sem sair de casa, eles já desenham seus planos de negócio pensando que o consumidor dos seus produtos e serviços pode estar em qualquer lugar.
5) Fazer o bem para o planeta e para o próximo é o seu novo mantra. O conceito de lucro não se restringe mais a ganhar dinheiro.
6) As formalidades do mundo corporativo, com horários rígidos e etiquetas de vestuário, também não têm lugar. Mais fácil encontrar uma sala de descanso, jogos e frigobar.

Ex: Blake Ross, 25 anos, americano, desenvolvedor de software, mais conhecido pelo seu trabalho com o Mizilla Firefox.
Matthew Mullenweg, 27 anos, criador do WordPress, plataforma para sites e blogs e Mark Zuckerberg, 26 anos, Cofundador e atualmente o CEO da gigante de redes sociais, o Facebook.

O Estilo de Gestão de quem está nos 30 anos

1) Com experiência adquirida em empregos prévios, a gestão de pessoas não é tão complexa para eles. Ao contrário dos empresários de 20 anos, não costumam misturar os canais de amizade e profissionalismo.
2) Os empreendedores de 30 anos valorizam a qualidade de vida, mas não abrem mão da qualidade do trabalho. Flexibilidade de horário sim, mas os prazos são sagrados.
3) Apesar de não terem nascido digitais, eles têm amplo domínio das novas tecnologias e as incorporam facilmente no seu dia a dia- e nos negócios.
4) Têm mais anos de estudo e, portanto, maior conhecimento prévio. Além disso, valorizam viagens e experiência acadêmica.
5) Como já passaram dos 30 e não fizeram seu primeiro milhão, como manda o clichê, costumam ser mais pacientes para alcançar resultados. Nessa fase da vida, já aprenderam que o bom negócio se constrói gradualmente, e não do dia para a noite.
6) Têm maior capacidade de liderança. Conseguem comunicar o futuro que querem para a empresa aos funcionários, investidores e sócios.

Ex: Jach Dorsey, 34 anos, criou o Twitter em 2006 junto com outros 2 sócios.(...) Seu projeto mais recente é o Square, um sistema de pagamento via celular.
Tom Adams, 38 anos, sueco radicado nos EUA, tornou-se sócio do Rosetta Stone em 2003.
Dennis Crowley, 34 anos, cofundador e CEO da Foursquare, um serviço que combina redes sociais, localização e mecânica de games.

O estilo de Gestão de quem passou dos 40 anos

+ 40
Experientes, costumam equilibrar melhor as horas dedicadas ao trabalho e à família.
Dão valor às iniciativas dos funcionários e procuram mantê-los motivados e engajados com a missão da sua empresa.

+50
Embora não sejam digitais, fazem questão de usar tecnologia em seu negócio. Não têm medo de perguntar e se cercam de jovens que complementem suas habilidades.
Não estão presos a velhos modelos nem aderem facilmente a modismos. Preferem refletir mais antes de tomar decisões, mas agem com rapidez.

+60
Atribuem maior valor à hierarquia e ao status. Também costumam ser mais rígidos com horários, folgas e trabalho remoto.
Valorizam projetos inovadores e pessoas que consideram engajadas com o negócio.

Ex: Mark Pincus, 45 anos. Criou, em 2007, aZynga Game Network, a mais promissora dentre as novas empresa do Vale do Silício desde o Twitter.
Fernando Fischmann, 54 anos, eleito pela Ernest & Young em 2010 como um dos 10 melhores empreendedores do mundo, criou há 4 anos no Chile, a Crystal Lagoons.
Coronel Harland Sanders (1890-1980), criador da rede de fast food KFC aos 65 anos".

Estudos recentes apontam que até 2020 teremos três gerações atuando juntas em contextos multiculturais. Sua organização, seus colaboradores e seu líderes estarão preparados para integrar e catalisar o que cada uma tem de melhor? O desafio: ajudar a trabalhar juntos, respeitando, aprendendo e ensinando. Quem arrisca?

Governo prepara Bolsa Qualificação


Matéria da Exame, edição 989.

"A presidente Dilma Rousseff deve anunciar em breve um programa para qualificar trabalhadores. Será uma espécie de bolsa-qualificação, com o pagamento de uma ajuda de custo mensal e a oferta de cursos que garantam conhecimento básico em funções técnicas. Em reunião com alguns de seus auxiliares mais próximos, Dilma se mostrou preocupada com a falta de trabalhadores preparados para funções que ão de assistentes de obras e garçons a engenheiros, passando por operários de fábricas. A presidente determinou que fossem feitos estudos para elaborar o programa. No final de março, foi apresentado um esboço, que passará por ajustes e deverá ser apresentado oficialmente em abril. A falta de mão de obra qualificada é uma das maiores preocupações do governo para a exploração dos campos do pré-sal.

domingo, 10 de abril de 2011

LUTO E PESAR PELA TRAGÉDIA DE REALENGO, RIO DE JANEIRO



Procuro não postar me meu Blog às notícias das tragédias do dia a dia. Ele é focado em Gestão de Pessoas. Mas, como brasileira e sobretudo carioca, não tenho como não me manifestar diante desta barbarie recém ocorrida em minha querida cidade.

Meu luto, meu pesar e minhas preces à cada uma das famílias destes brasileiros carioquinhas, que segundo palavras da Presidente Dilma, "foram arrancados tão precocemente da vida". Por eles, não choro. Na minha crença profunda, sei de suas missões cumpridas e de seu lugar nas áreas de luz das muitas moradas de nosso Pai Celestial. Mas, como consolar uma mãe, um pai, numa dor e numa hora como esta? Quem de nós terá o que dizer? Minhas lágrimas de solidariedade. Meu silencio de respeito e empatia.

Porém, esta dor não me impede de manifestar minha indignação pela minha, pela sua e pela omissão de todos nós. Sim, omissão. Que um acontecimento deste não pode ser previsto, é fato. Mas que a proporção que tomou poderia ter sido bem menor, certamente que poderia. A começar com nossa omissão diante das eleições, das ações dos políticos que elegemos no Congresso e no Senado, com as leis que criam, alteram ou não corrigem... Sim, por que como nação, que leis e processos temos para amparar, acolher, tratar e deixar conviver em sociedade nossos "loucos"? Sim, como o assassino de Realengo estudou tanto tempo e nunca, nenhuma escola pública, nenhuma empresa onde trabalhou, nenhum médico que o consultou até seus vinte e poucos anos, nenhum religioso dos templos que frequentou, nenhum parente percebeu seu desvio de personalidade? Era só mais um "esquisito"? Porém, se o perceberam e quiseram ajudá-lo, pra onde encaminhá-lo? Onde tratá-lo? Quais são nossas políticas públicas de detecção e tratamento das pessoas portadoras de distúrbios mentais? A quem isso diz respeito? Não a mim? Não a você?

Nossa legislação para aquisição de armas, como se dá? Como é fácil adquirir armas... Mesmo pessoas portadoras de distúrbio mentais podem consegui-las bem mais facilmente do que uma vaga em um hospital para tratamento psiquiátrico. Quem faz as leis que regulam isso? Quem fiscaliza estas leis? Quem é responsável por sua aplicação em nível municipal, estadual e federal? Eu não tenho nada com isso? Nem você? Quem elege estas pessoas? E a aquisição de drogas? Como é fácil obter drogas, meu Deus! E acesso a informações sobre ações terroristas radicais ? Facílimo! E entrar em uma escola pública ( e até em muitas privadas) com armas, sem identificação prévia ou necessidade de fornecer as informações mais básicas: aonde se vai, falar com quem sobre o que? Há policiais nas escolas? E detector de metais? Não pode por que fere os direitos humanos?? É isso?

Junte-se todos estes elementos e temos a tragédia de Realengo. Fácil tratá-la como algo de trágico, como os terremotos ou as tsunamis do Japão. Cômodo dizer de "vontade divina" ou coisa que o valha. Bem, mais fácil. Difícil e trabalhar por sua prevenção.

O que fazemos com nossos loucos? Com as drogas, com as armas, com a falta de policiamento nas escolas, com o acesso irrestrito de todo tipo de conteúdo perverso na internet????

Qual a solução? Eu sozinha não sei. Mas nós, como coletividade, sabemos. Temos que cobrar, exigir e atuar na fiscalização do cumprimento das leis. Não dá mais para viver nossa vidinha quotidiana como emas, com a cabeça no buraco, sem olhar para nossa coletividade e trabalhar por uma sociedade mais humana, mais justa, mais igualitária. Não dá para deixarmos à mercê da boa vontade de alguns o que diz respeito à todos nós.

Que a vida precocemente ceifada de nossos brasileirinhos não tenha sido em vão. Que possamos conscientizarmo-nos da importância de nossa ação coletiva e passarmos a exercer nossa cidadania de forma mais responsável. Congressos cheios de Tiriricas, Valdomiros, Renans, e toda esta corja que só suja o nome de nosso país e que se regala com o dinheiro público, enquanto nós, como gados de manobra, caminhamos a mercê da boa vontade de alguns, esperando do Céu algo que mude nossa precária condição. Esperando por salvação de "pais ou mães" dos pobres... Precisamos acordar. Precisamos agir. Precisamos fazer nossa parte.

Lições do Japão, pela Monja Coen


A monja Coen, apesar de não ser descendente de japoneses, consegue definir muito bem algumas características dos japoneses, por vezes incompreensíveis aos outros povos. Mora em São Paulo no Templo Busshinji, explica porque os japoneses estão surpreendendo o mundo com seu modo de fazer face às dificuldades.

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JAPÃO

Quando voltei ao Brasil, depois de residir doze anos no Japão, me incumbi da difícil missão de transmitir o que mais me impressionou do povo Japonês: kokoro.

Kokoro ou Shin significa coração-mente-essência.

Como educar pessoas a ter sensibilidade suficiente para sair de si mesmas, de suas necessidades pessoais e se colocar à serviço e disposição do grupo, das outras pessoas, da natureza ilimitada?

Outra palavra é gaman: aguentar, suportar. Educação para ser capaz de suportar dificuldades e superá-las.

Assim, os eventos de 11 de março, no Nordeste japonês, surpreenderam o mundo de duas maneiras. A primeira pela violência do tsunami e dos vários terremotos, bem como dos perigos de radiação das usinas nucleares de Fukushima. A segunda pela disciplina, ordem, dignidade, paciência, honra e respeito de todas as vítimas. Filas de pessoas passando baldes cheios e vazios, de uma piscina para os banheiros.

Nos abrigos, a surpresa das repórteres norte americanas: ninguém queria tirar vantagem sobre ninguém. Compartilhavam cobertas, alimentos, dores, saudades, preocupações, massagens. Cada qual se mantinha em sua área. As crianças não faziam algazarra, não corriam e gritavam, mas se mantinham no espaço que a família havia reservado.

Não furaram as filas para assistência médica – quantas pessoas necessitando de remédios perdidos – mas esperaram sua vez também para receber água, usar o telefone, receber atenção médica, alimentos, roupas e escalda pés singelos, com pouquíssima água.

Compartilharam também do resfriado, da falta de água para higiene pessoal e coletiva, da fome, da tristeza, da dor, das perdas de verduras, leite, da morte.

Nos supermercados lotados e esvaziados de alimentos, não houve saques. Houve a resignação da tragédia e o agradecimento pelo pouco que recebiam. Ensinamento de Buda, hoje enraizado na cultura e chamado de kansha no kokoro: coração de gratidão.

Sumimasen é outra palavra chave. Desculpe, sinto muito, com licença. Por vezes me parecia que as pessoas pediam desculpas por viver. Desculpe causar preocupação, desculpe incomodar, desculpe precisar falar com você, ou tocar à sua porta. Desculpe pela minha dor, pelo minhas lágrimas, pela minha passagem, pela preocupação que estamos causando ao mundo. Sumimasem.

Quando temos humildade e respeito pensamos nos outros, nos seus sentimentos, necessidades. Quando cuidamos da vida como um todo, somos cuidadas e respeitadas.
O inverso não é verdadeiro: se pensar primeiro em mim e só cuidar de mim, perderei. Cada um de nós, cada uma de nós é o todo manifesto.

Acompanhando as transmissões na TV e na Internet pude pressentir a atenção e cuidado com quem estaria assistindo: mostrar a realidade, sem ofender, sem estarrecer, sem causar pânico. As vítimas encontradas, vivas ou mortas eram gentilmente cobertas pelos grupos de resgate e delicadamente transportadas – quer para as tendas do exército, que serviam de hospital, quer para as ambulâncias, helicópteros, barcos, que os levariam a hospitais.

Análise da situação por especialistas, informações incessantes a toda população pelos oficiais do governo e a noção bem estabelecida de que “somos um só povo e um só país”.

Telefonei várias vezes aos templos por onde passei e recebi telefonemas. Diziam-me do exagero das notícias internacionais, da confiança nas soluções que seriam encontradas e todos me pediram que não cancelasse nossa viagem em Julho próximo.

Aprendemos com essa tragédia o que Buda ensinou há dois mil e quinhentos anos: a vida é transitória, nada é seguro neste mundo, tudo pode ser destruído em um instante e reconstruído novamente.

Reafirmando a Lei da Causalidade podemos perceber como tudo está interligado e que nós humanos não somos e jamais seremos capazes de salvar a Terra. O planeta tem seu próprio movimento e vida. Estamos na superfície, na casquinha mais fina. Os movimentos das placas tectônicas não tem a ver com sentimentos humanos, com divindades, vinganças ou castigos. O que podemos fazer é cuidar da pequena camada produtiva, da água, do solo e do ar que respiramos. E isso já é uma tarefa e tanto.

Aprendemos com o povo japonês que a solidariedade leva à ordem, que a paciência leva à tranquilidade e que o sofrimento compartilhado leva à reconstrução.

Esse exemplo de solidariedade, de bravura, dignidade, de humildade, de respeito aos vivos e aos mortos ficará impresso em todos que acompanharam os eventos que se seguiram a 11 de março.

Minhas preces, meus respeitos, minha ternura e minha imensa tristeza em testemunhar tanto sofrimento e tanta dor de um povo que aprendi a amar e respeitar.

Havia pessoas suas conhecidas na tragédia?, me perguntaram. E só posso dizer : todas. Todas eram e são pessoas de meu conhecimento. Com elas aprendi a orar, a ter fé, paciência, persistência. Aprendi a respeitar meus ancestrais e a linhagem de Budas.

Mãos em prece (gassho)
Monja Coen