segunda-feira, 1 de março de 2010

A dor que mata aos poucos


Está em voga, Thanks God, o tema ASSÉDIO MORAL. Quem não conhece o termo, certamente já viveu a situação: "exposição dos trabalhadores a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas no ambiente de trabalho. Condutas negativas, relações desumanas e aéticas, de longa duração, de chefias e até colegas; desestabilizando a relação da vítima com o ambiente de trabalho, forçando-o a desistir do emprego".
Conheço, já vi e vivi "n" casos: uma secretária que foi obrigada pelo chefe a preencher todos os círculos, das letras da lista telefônica (o, a, p, d, b ...). Tinha até meta semanal. A moça o fez. Mas a cada página, tirava cópia, e aí, processou-o por assédio moral ao final do trabalho. Claro, subutilizar a capacidade do trabalhador, de modo a "domá-lo" ou diminuí-lo também é AM!E mais, neste tipo de processo, o ônus da prova é do acusado e não do acusador. Some-se que além do processo contra a empresa, rola também o processo contra o agressor, mesmo que ele tenha sido demitido.
Interessante é que, nesta semana, deu no noticiário o lançamento do livro "O fim da Festa", da Andrew Rawnsley, jornalista que investigou os inúmeros casos de AM e até agressão verbal e física do Primeiro Ministro Britânico Gordon Brown. O cara xinga, berra, joga coisas e até agarra funcionários pelos gorgomilhos! Que fera!
Por aqui, temos também nossos representantes Tupiniquins. Estes tipinhos sempre existiram. Em algumas profissões eles proliferam como fungos: militares, juízes e outros ligados ao Direito e médicos. Veja que não disse que todos os são. Apenas confirmo as estatísticas de frequencia desta prática entre estas profissões.
Os caras e as caras se acham quase deuses! Gritam, xingam, ameaçam, desqualificam e quanto mais platéia e mais poder, mais abusam. Ainda bem, que com o avanço das Leis, o maior esclarecimento dos trabalhadores e os próprios valores sociais em progresso, estes "fungos" estão em extinção!
No caso de Brown, ele não só é AM; é também agressor verbal e físico. Não sei como é isso lá na Inglaterra, mas no Brasil, poderia ser processado tranquilamente. Agressão verbal é crime! Calúnia - artigo 138 do Código Penal - plantar ou espalhar inverdades. Difamação - artigo 139 do CP - atribuir fatos contra sua reputação e Injúria- artigo 140 do CP - atribuir qualidades negativas que ofenda sua dignidade ou decoro. Essa mania, mal educada, que os brasileiros em geral, têm, sobretudo no trânsito, de mandar as pessoas fazer ou ir para lugares chulos, é crime!
Cabe sim ao RH, criar políticas e práticas para assegurar aos trabalhadores o direito de não ser agredido e nem assediado no âmbito de seu desempenho profissional. Canais de comunicação direta que preserve a identidade e o sigilo do profissional a fim de que ele não sofra retaliações ao denunciar e de que a empresa, possa averiguar os casos e punir com rigor.
E ainda existe o Bulling. É, isso não é só coisa de escola ou de adolescente não. Conheço uma moça que é gordinha, virgem e espírita. Por este conjunto de características, é ridicularizada no trabalho. "Gorda, cabaço e macumbeira" são suas alcunhas delicadas dadas pelos colegas do setor. Como a moça é diferente da maioria, gosta e faz coisas diferentes, o grupo a rejeita. A ponto de ter combinado "dá-lhe" um gelo. Ninguém respondia as suas perguntas e também fingiam não vê-la. Certa vez, ficou presa no banheiro e as colegas fingiram não ouví-la enquanto escovavam os dentes, mesmo ela gritando. Isso é cruel. A moça está sob cuidados psicológicos, já que desenvolveu uma forte depressão.
Este é o lado triste destes tipos de agressões, num primeiro momento, a vítima se sente culpada e incapaz. O algoz diz estar brincando. As queixas são interpretadas como falta de humor ou sensibilidade excessiva. Até que a pessoa começa a ter sua auto estima e auto confiança afetadas, gerando sérias consequencias ao seu desempenho, sua saúde física e psicológica. Muitas vezes a demissão é o único caminho. Mas, a pessoa ainda assim não se cura. Isso deixa sequelas sérias e duradouras.
Já tratamos um pouco disso no post sobre Deboche. Lá há algumas dicas de como lidar com isso. Sei que não é fácil enfrentar o agressor. Também não é fácil conseguir testemunhas. Muito menos, confiar em seu RH para denunciar. Em geral os assediadores/agressores têm poder. Mas, vale a pena. Se nada mais der certo, faça uma denúncia anônima. Peça a um parente ou amigo para fazê-lo. Não traga para si a doença da maioria medíocre, discriminadora e opressora. Estamos em plena Era da Diversidade, da Inclusão. A Unesco já trabalha a cultura para a paz, no Brasil, há mais de 10 anos. A violência e a discriminação tem que acabar.

Um comentário:

  1. Ótimo. Esse texto é fantástico... Eu sofri isso na empresa em que trabalho. No começo foi dificil lidar, pois todos os dias que entrava na empresa para trabalhar eu me sentia como se estivesse indo para o inferno, e quando saia eu não tinha mais vontade de voltar ao trabalho. Mas eu precisava continuar. Tinha que manter meus estudos e não podia pedir a demissão, mais foi díficil. Sofri preconceitos de todos os nivés e gêneros e graus. Foram épocas ruins e que eu sinceramente não sabia o que fazer. Em todas as empresas que passei sofri por essas situaçãoes embaraçosas. Agora alcancei o respeito. Mas ainda há aqueles que agem de várias formas porque acham que eu devo estar fora da empresa; ainda sofro algumas repressões, mas lidou com isso de outra maneira. Afinal conquistei meu espaço, mas sei que se há qualquer momento esses abusos se tornarem frequente ai sim dessa vez eu vou as autoridades competentes. Chega disso!!!
    Agora estou com um projeto de constituir minha própria empresa, e aprendir com isso, a lidar com meus futuros funcionários e cuidar para que eles nunca passem o que passei na vida. Não quero que eles sofram os mesmos abusos verbais e morais que sofri.
    Olha tenho que te dar os parabéns!!! Esse artigo, é fantástico. E vai contribuir muito para ajudar na formação de minha empresa... Excelente Blog!

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