quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

o "olho" do problema

PessoALL! este é um trecho do livro do meu amigão Robson Santarém, Precisa-se (de) Ser Humano. Quero compartilhar a reflexão com vocês.

" O que se vê, a todo momento e por todos os lados, é que a vitória será sempre do mais forte, do mais rápido e não do mais solidário, do mais fraterno. Assiste-se e, de algum modo, todos participam do mesmo espetáculo, que parece ser mais feliz aquele que mais acumula- mesmo que à custa dos outros e da destruição da natureza - do que aquele que se compromete e se coloca a serviço do bem comum. Somos estimulados, o tempo todo, para o consumismo, para o individualismo - é o sucesso individual a qualquer preço- tornando a competição algo feroz com nós mesmos e, obviamente, com os demais.

Assim, seguindo as regras estabelecidas pelo mercado, as instituições de ensino, transformadas em empresas, investem cada vez mais (...) em preparar alunos/clientes para o mercado, consoante o desejo das organizações de contratarem pessoas mais qualificadas e competitivas - como se competitividade fosse sinônimo de competência.

No entanto,as pessoas não são competentes porque são competitivas, mas pela capacidade que têm de entender a essência do negócio em que atuam e de responderem aos desafios que lhes são apresentados com seus conhecimentos, habilidades, atitudes e valores que façam a diferença.

E o que se constata neste mundo do trabalho é que a crise que o atinge não é de natureza tecnológica, tampouco apenas de deficiência de profissionais qualificados, mas, sobretudo, que a sua origem está na questão dos valores éticos.(...)

Os problemas organizacionais abragem aspectos múltiplos, que ultrapassam a velha questão capital x trabalho. Incluem questões ontológicas, tais como: por que e para que a organização existe? Qual a sua missão? Como é vista por seus colaboradores, parceiros, comunidade e todos os demais com que ela se relacionam? Que contribuições e soluções ela apresenta para a sociedade? E, obviamente, as respostas devem estar alicerçadas em um conjunto de crenças e valores.

Ora, se tais questões são importantes para as organizações, os profissionais que as lideram e nelas trabalham precisam saber respondê-las (...). Entretanto, as pessoas não são formadas para responder tais questões, não sabem sequer responder sobre a própria missão e sobre seus próprios valores.

(...)

É premente enfatizar que a universidade ainda tem o papel de formar para a cidadania, de modo que os profissionais por elas formados se tornem fonte de transformações históricas. Mas, que cidadãos estão sendo formados? Qual é o conceito de cidadania que está em vigor? Será cidadão somente aquele competitivo? O que tem poder de consumo? Ou todas as pessoas, em igual dignidade, poderão ser chamadas cidadãs?
(...)

Deste modo, se a educação, como instrumento de desenvolvimento do ser humano e do desenvolvimento social, ficar submetida aos ditamos do mercado e a outros interesses, desvia-se da sua função precípua.

E é exatamente o que se constata hoje e é cada vez mais amplamente defendido por profissionais: que a escola deve formar para o mercado. Mas, que mercado? para que emprego? A grande questão, na verdade, é a que projeto de vida, a que visão de mundo, de sociedade, a que ser humano a educação se coloca a serviço? "

É, meus queridos, esta é a mensagem reflexiva que deixo para vocês e na qual procuro me debruçar dia a dia. Lembra àquela música "Você tem sede de que? Você tem fome de que?"

Grande beijo

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