domingo, 20 de novembro de 2011

Mais Mulheres


O Grupo Bosch, multinacional alemâ de produtos automotivos, quer aumentar o número de mulheres em cargos importantes. Em posições técnicas, a meta é elevar de 8% para 13% a presença feminina. Nos cargos de Gestão, que hoje têm 9% de mulheres, a idea é chegar a 15%. "É o mínimo para trazer diversidade e enriquecer o ambiente", diz Arlene Domingues, Diretora de RH da Bosch.

Fonte: Você SA (Novembro 2011)

Claro que é muito importante e válido que as empresas estejam querendo aumentar o número de mulheres em cargos de liderança ou mesmo em cargos de melhor formação. As mulheres já são hoje a maioria em quase todas as salas de aulas dos mais variados cursos. As qualidades do estilo de gestão feminina e os ganhos que as mulheres podem agregar ao ambiente de trabalho são reais e inquestionáveis. Somando-se a isso a predominância de mulheres chefes de família hoje, no Brasil, fica claro que optar por dar-lhes mais e melhores oportunidades não é só questão de visão, mas de inteligência empresarial.
Porém, a questão maior a ser discutida e a bandeira a ser levantada por nós, mulheres trabalhadoras é: por que nos é mais difícil chegar aos postos de liderança? Vamos excluir da equação, apenas para dar foco a minha narrativa, a questão do machismo e do preconceito de gênero. Hoje, a carga de trabalho dos profissionais brasileiros é absurda e fonte de vários estudos sobre os impactos na saúde coletiva e nas relações sociais. Quando se fala de cargos de liderança em empresas de destaque então, a equação triplica. No mínimo, 12 horas de trabalho diariamente, afora as viagens, reuniões, eventos, entre outros compromissos obrigatórios e que adentram o suposto horário de descanso.
Não basta as organizações desejarem ter mais mulheres nos postos de comando. Urgente repensar o modus operandus das organizações. Trazer apenas mulheres que possam se adaptar a estas rotinas, é "obrigá-las" entre a fazer escolhas entre carreira e vida pessoal. Casamento, maternidade, cuidados com seus idosos, com o lar,entre outros, que se hoje não é mais uma obrigação da mulher, por outro lado, continua a ser-lhe de responsabilidade. Como então concilar plenamente e realizar-se com todas estas facetas? Por que temos que escolher entre um ou outro? Podemos ter direito a uma vida afetiva familiar e uma carreira e nos realizar com ambas, mas não com a equação desbalanceada como está hoje.
Eu mesma, para ter a possibilidade de viver ambas as realizações, precisei optar e sair das organizações. Não trabalho menos hoje, é verdade, mas trabalho diferente. Tenho autonomia e posso fazer escolhas. É fato que muitas mulheres estão conseguindo equacionar isso e que muitas organizações têm sido sensíveis e flexíveis a estas questões, mas ainda é uma prática incipiente perto do tanto de mulheres capazes e talentosas que estão ficando à margem deste estilo muito "masculino" de gestão.
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