segunda-feira, 28 de junho de 2010

Tempero brasileiro na gestão


Na Melhor Gestão de Pessoas deste mês, a matéria de capa traz o título acima e trata dos traços de nossa cultura que fazem a diferença no dia a dia de executivos brasileiros de RH que trabalha em multinacionais no exterior. (por Gumae Carvalho)

"Em época de forte internacionalização de companhias brasileiras e de guerra global acentuada de talentos, MELHOR resolveu ouvir um pouco das experiências de quatro executivos de RH que atuaram ou que ainda atuam em empresas multinacionais no exterior, quais as características, digamos, brasileiras mais os ajudam. Contamos com Alessandro Bonorino, atual diretor de RH para América latina da IBM; Eliana Zem, vice-presidente sênior de RH para a Amárica do Norte da Diageo; Sandra denes, atualmente diretora de RH da Giovanni+Draftfcb e diretora de RH da Drafitfcb América Latina, mas que atuou na unidade da GE, na França; e Fernando Lanzer, hoje consultor na Holanda, mas que na época da aquisição do Banco real pelo ABN AMRO trabalhava no banco holandês, em Amsterdã.
(...) De todos os relatos, uma característica do brasileiro chama a atenção, a capacidade de acreditar, a esperança que não nos faz desistir. E que outras características se juntariam a essa? Para Bonorino, são duas as características bem brasileiras que o ajudaram em sua jornada: a boa convivência com a diversidade e a flexibilidade. E faz questão de acrescentar "com inovação", referindo-se ao jogo de cintura, ao aprendizado com os outros. "O brasileiro tem uma grande facilidade de lidar com diferentes culturas", lembra o diretor na IBM. Compreender bem a cultura e procurar mais os pontos em comum do que as diferenças. "Por isso, quando alguém vai trabalhar em outro país aconselho a ouvir mais do que falar".
(...) Na Diageo, uma das maiores empresas de negócios com bebida alcoólicas do mundo, também há uma preocupação de ter líderes de várias nacionalidades preparados e espalhados em todo o globo.
"As expectativas e as metas de contribuição de cada pessoas para o negócio são bem elevadas", confirma Eliana Zem.
(...) Mesmo alertando que toda generalização é perigosa, a executiva aponta algumas das características brasileiras qua a ajudaram em sua trajetória no exterior. Em primeiro lugar está a relatividade. "Trabalhamos e vivemos com tantas desigualdades à nossa volta que toleramos a ambiguidade de forma mais natural que outros povos. Ela não nos estressa, o que é muito bom. Sabemos olhar as coisas com relatividade, o que noa ajuda a manter a mente aberta", explica. Outra característica refere-se às lições do passado econômico do país. "Passamos por muitas crises, o que nos tornou mais adaptáveis e flexíveis, com muito poder de improvisação", diz Eliana. Por fim, porém não menos importante, está outro aspecto: a esperança . (...)"Tentar é fundamental. Sem esperança ninguém tenta nada. Sem experimentar não há inovação".
Fernando Lanzer concorda com Eliana quando o assunto é esperança. Também com uma boa experiência no exterior, ele revela outras três características brasileiras que vêm ajudando-o em sua trajetória na Holanda: a flexibilidade para se adaptar a um mundo que vive mudando; a criatividade para adotar abordagens inovadoras aos problemas que seguem sendo, basicamente, sempre os mesmos; e, finalmente, a persistência para não desistir e continuar tentando, cada vez de um jeito diferente. E ainda uma característica nossa que é demonstrar coragem diante dos desafios. " O brasileiro não foge da raia", reforça.
(...) Entre as características bem "brasileiras" qua ajudaram Sandra Denes em sua carreira na França, ela destaca a facilidade de relacionamento. "A mente aberta para as novas culturas e saber lidar com a diversidade foram fundamentais para a facilitação do processo", conta. Ma só isso não basta. Para aqueles que desejam planejar uma passagem no exterior, a executiva dpa alguns conselhos. "Ter conhecimento de várias línguas é fundamental. Trabalhar em empresas multiculturais ajuda muito. Ter a mente sempre aberta, desprendimento, muita garra e procurar trabalhar em processos globais é essencial", diz.

O outro lado
O, digamos, jeito brasileiro de ser não traz somente vantagens para os nossos profissionais lá fora. Se existem características que nos impulsionam, não podemos varrer para debaixo do tapete algumas que podem atrapalhar.
Eliana Zem tem duas na ponta da língua: " A nossa relação com o relógio é considerada um desrespeito no exterior". A outra refere-se à maneira "relativa" com que interpretamos tudo. "Isso traz coisas boas e não tão boas. Faz com que interpretemos regras também de maneira relativa. Acredito que o famoso "jeitinho brasileiro" começa nesse ponto. Em outros países, não seguir regras tem consequencias negativas e não cria confiança".

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