segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

DESEMPREGO X ESCASSEZ DE MÃO DE OBRA

Hoje, assisti nos noticiários, que uma importante organização de captação de estudantes para vagas de estágio em empresas, estava com inúmeras vagas em aberto e uma total escassez de candidatos (estudantes). A matéria dizia que os estudantes, neste período de férias, deixam de procurar estágios para descansarem; só retornando às buscas, após o reinício do período letivo.
Porém, após um ano de turbulência com mercado de trabalho estagnado, este início de ano apresenta-se otimista e muitas empresas estão oferecendo vagas, não só de estágio, como de trabalho. Tudo o que ficou retido em 2009 está sendo ofertado agora. Então, por que será que os estudantes tiram férias não só da escola como também da busca pelo tão sonhado estágio?
Vejo isso também no mercado de empregos. Há inúmeras empresas, de diferentes portes e segmentos, que têm vagas em aberto ha meses e que não encontram candidatos qualificados para ocupá-las.
Vivemos então um paradoxo: por um lado, temos uma massa de trabalhadores de baixa qualificação profissional em busca de colocação; somados a uma massa de jovens entrando no mercado de trabalho em busca do primeiro emprego, muitos deles vindos do ensino médio ou profissionalizante e outra massa de jovens recém formados em busca de sua primeira oportunidade, com boa qualificação, mas com nenhuma experiência.
Minha percepção foi corroborada pelo recente estudo realizado pelo Economist Intelligence Unit (EIU), ligado a revista The Economist, a pedido da FedEx Expresse e da Dell, que desejavam saber se os trabalhadores da América Latina possuem habilidades necessárias para atuar no mercado global e competitivo de hoje . Sabe qual é a resposta? Não. E esclareceu que “os alunos que estão se formando no ensino superior e ingressando no mercado de trabalho frequentemente não possuem habilidades interpessoais.
Há uma vertente que diz que as organizações estão muito “elitistas” e que até para tirar xerox ou servir cafezinho, pede-se nível superior. Vide concursos para lixeiro, tem gente até com Mestrado!
É claro que a ênfase dos programas educacionais é errada. As Escolas pouco ou nada preparam os estudantes para o atual mercado de trabalho. Também é óbvio que o nosso nível de crescimento econômico – apesar dos bons prognósticos – não gera a quantidade de postos de trabalho necessária para alocar todo este contingente de entrante e de desempregados. Nossa política de apoio ao trabalhador desempregado também é equivocada. Às vezes vale mais à pena viver dos subsídios “bolsa disso e daquilo” que o governo oferta, do que trabalhar. Em muitos casos ganha-se mais que o salário mínimo! Onde está a ação de qualificação ou de requalificação para ajudar ao trabalhador desempregado a se preparar para este mercado de trabalho tão competitivo? Ainda temos a questão da informalização e da precarização da mão de obra... a ladaínha segue!
O que quero destacar é que, além de todos estes importantes fatores, ainda temos o despreparo de grande parte dos trabalhadores em termos de Competências comportamentais! Isso é sério! As organizações estão tendo que assumir o preparo de seus profissionais em termos de comportamentos adequados. Educar, acabou ficando por conta das empresas! Atuei por um tempo com recolocação e seleção de pessoal e a incompetência de muitos candidatos com currículos maravilhosos é gritante! Competências como: resiliência, assertividade, empreendedorismo, assumpção de erros, tomada de decisão, cooperação, trabalho em equipe, entre outras tão requisitadas para competir neste mundo globalizado e “tecnologizado” são tão pouco ou mal desenvolvidas... Tudo bem, estou falando de competências “sofisticadas”. Vamos as mais básicas: educação (comer, vestir, falar, entrar, sair), higiene (limpeza, asseio, aparência) e segurança (própria, do outro e do patrimônio); respeito ao direito do outro, lidar com a diversidade....
Onde um profissional pode adquirir tais competências? O que o mercado, em geral, acaba fazendo é o uso exagerado do “darwinismo”, ou seja, o mais adaptado sobrevive. Quem já as possui, por herança genética ou oportunidades propiciadas pela família, terá mais chances.
A pergunta que deixo e adoraria ouvir sua opinião é: Mas, o que fazer com os milhões de trabalhadores e jovens que não desenvolveram competências nem técnicas e muito menos comportamentais para atuar neste mercado? Seja por falta de oportunidade ou de visão, não importa. O que fazer? Qual o nosso futuro mantido este contexto?

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