sexta-feira, 14 de maio de 2010

Você é um workaholic?


O trabalho vira vício quando a carreira é a única preocupação. No teste abaixo, extraído do livro Trabalhe Menos, Faça Mais, de Jan Yager (Editora Gente), confira seu nível de dependência.

1) Você fica até tarde (pelo menos duas horas além do término oficial de seu horário de trabalho) pelo menos duas vezes por semana, bem como em casa à noite e nos finais de semana?
( ) Sim ( ) Não

2) Você cancelou compromissos pessoais pelos quais estava ansioso por causa do trabalho mais de uma vez neste mês?
( ) Sim ( ) Não

3) Sua família, seus amigos e seus colegas de trabalho dizem que você é um workaholic mesmo de brincadeira?
( ) Sim ( ) Não

4) Você prefere trabalhar a fazer qualquer outra coisa?
( ) Sim ( ) Não

5) Você fica ansioso, deprimido, temeroso ou com dores de cabeça quando tenta reduzir o número de horas trabalhadas?
( ) Sim ( ) Não

Resultados:

* Se respondeu "sim" a pelo menos uma das perguntas anteriores (principalmente à questão 4), você precisa redistribuir o tempo dedicado ao trabalho e incluir atividades de lazer em sua agenda.

* Se respondeu afirmativamente a duas ou três questões, você está se tornando um workaholic. Diminua o ritmo já!

* Se respondeu "sim" a quatro perguntas, seu problema é sério. Você dá sinais de que tende a ser workaholic. passe mais tempo com a família, não acesse o e-mail fora do escritório e procure relaxar uns minutos durante o expediente.

Gente, é duro, mas tenho que admitir que já sou um caso perdido. Sou workaholic!
Mas, trouxe aqui algumas dicas que estou tentando utilizar. As vezes, pensamos que para mudar o ritmo temos que fazer coisas abruptas: mudar de emprego, de cidade, romper coisas drásticamente... Não, não é assim. Até porque tudo o que fazemos de forma radical, tende a durar pouco, né? Então, nestes casos, menos é mais. São pequenas mudanças, devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade e, cuide-se para se tolerar. Haverá recaídas. Arranje uns apoios (amigos, família...) que atuarão como seus "vigias". Te ligarão ou te lembrarão, de vez em quando, que você está em readaptação, ok?

* Planeje pausas para descansar: vá beber água, ou café. Vá até a mesa de outro colega e converse um pouco. Tranque-se no banheiro e respire. Finja que é fumante (só finja) e desça e saia na rua para ver o mundo. Olhe pela janela e para o céu... Só uns 2 ou 3 minutos. Dá pra fazer, né?

* Procure ajustar sua vida pessoal: esteja bem com a família, os amigos, os colegas de trabalho. Arranje ou cultive um(a) namorado(a). Separe tempo para telefonar e procurar os amigos. Convide colegas para sair, almoçar, ir ao cinema... se "obrigue" a ter um programa fora e com alguém.

* Agrade a você mesmo. Procure ouvir seu coração. Do que você gosta?(além do trabalho, é claro), o que lhe dá prazer? O que o energiza, acalma, faz sorrir? Procure ter mais estas coisas.

* Diga "não" mais vezes. Isso o ajudará a concentrar-se nas coisas importantes, abandonando ou diminuindo as urgentes.

* Use os finais de semana para fazer outra atividade que não seja trabalhar ou ter obrigações. Divirta-se, faça exercícios, caminhe, viaje, cuide de um jardim, sei lá, mas não se obrigue, ok?

Vamos ver se funciona!

A escalação do Dunga é como Processo Seletivo Interno


É minha gente, depois de muita especulação, saiu a tão esperada "Lista dos 23 Craques" que formarão a Seleção canarinho na Copa 2010, na África do Sul. Nada de Ganso, nada de Adriano, nem os Ronaldos... Antes que se estressem, quero declarar que não sou contra e nem a favor, muito pelo contrário, de nenhum dos nomes, já que entendo tanto de futebol quanto de física quântica (rsrsrs).

Mas, fico pensando o quanto essa comoção em torno da escalação é semelhante aos processos seletivos internos nas organizações:

* Nem todos os candidatos que são bons e possuem o perfil da vaga, são considerados ou observados pelos selecionadores; Alguns nem se inscrevem no processo por achar que é tudo "jogo de cartas marcadas";
* Muitos que estavam loucos para participar não tem perfil, não são elegíveis e ficam "barrados" logo nas prévias e, por vezes, passam a falam mal dos que foram escalados ou da equipe técnica ou mesmo do técnico(no caso, o Dunga);
* Muitos que são bons, querem ir e estavam sendo considerados, têm entraves no meio do caminho e acabam sendo "descartados" (No exemplo do futebol, Adriano e Pato e na vida corporativa: o chefe direto que não libera porque não tem sucessor ou o sujeito está à frente de um projeto estratégico...);
* Nem sempre ou quase nunca os critérios que as pessoas julgam que são os direcionadores do processo, são os realmente utilizados. Por exemplo, as pessoas pensam que o técnico usará unicamente ou mais fortemente o critério de "talento" (leia-se jogar muito)para escolher um jogador; mas critérios como preparo físico, comportamento, possibilidade de entrosamento com os pares da posição, equilíbrio entre a proporção dos jogadores e as posições táticas, entre outros, também pesam. Idem aos processo seletivo da empresa: tempo de casa, potencial, imagem e relacionamento do candidato dentro da empresa, capacidade de adaptação a outra equipe ou ao futuro chefe, são fatores chave e não apenas o "talento".
* Todos pensam que o técnico/ selecionador decide sozinho e que portanto, depende de ser "peixe" dele, quando na verdade há uma comissão multidisciplinar que analisa e discute diferentes pontos, sugerindo ou vetando. Claro que a palavra final - no caso da seleção na empresa é do cliente dono da vaga- na seleção de futebol, é do técnico; mas não é assim uma escolha da cabeça dele e pronto;
* Por fim, os que foram preteridos nem sempre têm um feedback verdadeiro ou detalhado do porque não foi escolhido ou quando o tem pode ser bem genérico ("Não era a sua hora", "você ainda não está pronto" ou "outras pessoas estavam mais preparadas que você"). Este ponto frustra a capacidade do sujeito de se autodesenvolver e ainda por cima, reforça a idéia de que o jogo era mesmo de "carta marcada".

Agora que a escolha está feita, só nos resta torcer para que seja uma bela campanha e que o hexa venha para nós (ou não).

Evento super importante e interessante!



Pipou, dias 24 e 25 de agosto, haverá o Fórum HSM de Estratégia, da HSM, em Sampa,no Teatro Alfa - Hotel Transamérica, Rua Bento Branco de Andrade Filho, 722 - SP.
Na agenda gente de nome e peso, como:

Tom Peters - Inovação nos negócios e excelência
Michael Porter - Respostas ao empresariado Brasileiro
Renée Mauborgne - A estratégia do oceano azul em ação
Silvio Lemos Meira - A estratégia das redes sociais
Martin Lindstrom - Buyology: verdades e mitos sobre como os clientes compram.

Nos vemos lá!

quinta-feira, 13 de maio de 2010

"O mundo precisa do pensamento infantil"

Criança prodígio Adora Svitak diz que o mundo precisa do pensamento infantil: ideias arrojadas, criatividade selvagem e especialmente otimismo. Os grandes sonhos das crianças merecem altas expectativas, ela diz, começando com a boa vontade dos adultos em aprender com as crianças tanto quanto ensiná-las.

http://www.ted.com/talks/lang/por_br/adora_svitak.html

sexta-feira, 7 de maio de 2010

É o amor uma arte?



É o amor uma arte? Se o é, exige conhecimento e esforço. Ou será o amor uma sensação agradável, que se experimente por acaso, algo em que se "cái" quando se tem sorte? Este texto, basea-se na primeira hipótese, embora a maior parte das pessoas , hoje, acredite na segunda.

Não é que se pense que o amor não é importante. Todos sentem fome dele; assistem a infindável número de filmes sobre história de amor, felizes e infelizes, ouvem centenas de sovadas canções que falam de amor e, contudo, quase ninguém pensa haver alguma coisa a respeito do amor que necessite ser aprendida.

Essa atitude peculiar baseia-se em várias premissas que, isoladas ou combinadas, tendem a sustentá-la. A maioria das pessoas vê o problema do amor, antes de tudo, como o de ser amado, em lugar de amar, da capacidade de alguém para amar. Assim, para essas pessoas o problema é como serem amadas, como serem amáveis. Na busca desse alvo, seguem diversos caminhos. Um deles, especialmente utilizado pelos homens, é ter sucesso, ter todo o poder e riqueza que a sua posição social permitir. Outro, especialmente utilizado pelas mulheres, é tornarem-se atraentes, pelo cuidado com o corpo, o vestuário, etc. Outros modos de se fazer alguém atraente,usados tanto por homens como por mulheres, são o desenvolvimento de maneiras agradáveis, conversação interessante, a prestatividade, a modéstia, a inofensividade. Muitas das maneiras de uma pessoa se tornar amável é, essencialmente, uma mistura de ser popular e possuir atração sexual.

Segunda premissa por trás dessa atitude de que nada há a aprender a respeito do amor é a ideia de que o problema do amor é o problema de um objeto e não o de uma faculdade. Pensa-se que amar é simples, mas que é difícil encontrar o objeto certo a amar- ou pelo qual ser amado. Tal atitude tem muitas razões enraizadas no desenvolvimento da sociedade moderna. Uma dessas razões é a grande mudança ocorrida no século XX com relação à escolha de um "objeto de amor". Na época vitoriana, como em muitas culturas tradicionais, não era o amor principalmente uma experiência pessoal espontanea que a seguir pudesse levar ao casamento. Ao contrário, o casamento se contratava por convenção (...). Nas últimas poucas gerações, o conceito de amor romântico tornou-se quase universal no mundo do Ocidente (...). Esse novo conceito de liberdade no amor deve ter acentuado grandemente a importância do objeto em contraste com a importância da função.

Relaciona-se estreitamente com esse fator outro aspecto característico da cultura contemporânea. Toda a nossa cultura se baseia no apetite da compra, na ideia de uma troca mutuamente favorável. A felicidade do homem moderno consiste na sensação de olhar as vitrines das lojas e em comprar tudo quanto esteja em condições de comprar. quer a dinheiro, quer a prazo. Ele (ou ela) encara as pessoas de maneira semelhante. Para o homem, uma mulher atraente ( e, para a mulher, um homem atraente), eis o lucro a obter. "Atraente" vem a significar, normalmente, um fardo de qualidades que sejam populares e muito procuradas no mercado da personalidade. O que torna especificamente uma pessoa atraente depende da moda da época, tanto física como mentalmente (...).

De qualquer modo, a sensação de cair enamorado só se desenvolve normalmente com relação aos artigos humanos que estejam ao alcance das possibilidades de transação de alguém. Saio para uma troca: o objeto deve ser desejável, sob o aspecto de seu valor social, e ao mesmo tempo deve desejar-me, levando em consideração minhas potencialidades e recursos expostos e ocultos.

Assim, duas pessoas se apaixonam quando sentem haver encontrado o melhor objeto disponível no mercado, considerando as limitações de seus próprios valores cambiais (...). Numa cultura em que prevalece a orientação mercantil, e em que o sucesso material é o valor predominante, pouca razão há para surpresa no fato de seguirem as relações do amor humano os mesmos padrões de troca que governam os mercados de utilidades e de trabalho.

O terceiro erro que leva a ideia de nada haver para ser aprendido a respeito do amor consiste na confusão entre a experiência inicial de "cair" enamorado e o estado permanente de estar amando, ou, como poderíamos dizer melhor, de "permanecer" em amor. Se duas pessoas estranhas uma à outra, como todos somos, subitamente deixam ruir a parede que as separa e se sentem próximas, se sentem uma só, esse momento de unidade é uma das mais jubilosas e excitantes experiências da vida. É tudo o que há de mais admirável e miraculoso para quem tem estado fechado em si, isolado, sem amor. Esse milagre de súbita intimidade é muitas vezes facilitado quando se combina, ou se inicia com a atração sexual e sua satisfação. Contudo, tal tipo de amor, por sua própria natureza, não é duradouro. As duas pessoas tornam-se conhecidas, sua intimidade perde cada vez mais o caráter miraculoso, e seu antagonismo, suas decepções, seu mútuo fastio acabam por matar tudo quanto restava da excitação inicial. Entretanto, no começo, elas de nada disso sabem; de fato, tomam a intensidade da paixão, a "loucura" que sentem uma pela outra, como prova da intensidade de seu amor, quando isso apenas provaria o grau de sua anterior solidão.

Essa atitude - a de que nada é mais fácil do que amar - tem continuado a ser a ideia predominante a respeito do amor, apesar da esmagadora prova em contrário. Dificilmente haverá qualquer atividade, qualquer empreendimento que comece com tão tremendas esperanças e expectativas e que, contudo, fracasse com tanta regularidade, quanto o amor. Se isso se desse com qualquer outra atividade, todos estariam ansiosos por saber das razões do fracasso, por aprender como se poderia fazer melhor - ou desistiriam de tal atividade. Como esta última alternativa é impossível no caso do amor, parece haver apenas um meio adequado de superar a falência amorosa: examinar as razões dessa falência e passar a estudar significação do amor.

O primeiro passo a dar é tornar-se consciente de que o amor é uma arte, assim como viver é uma arte; se quisermos aprender como se ama, devemos proceder do mesmo modo por que agiríamos se quiséssemos aprender qualquer outra arte, seja a música, a pintura, a carpintaria, ou a arte da medicina ou da engenharia.

Quais são os passos necessários para aprender qualquer arte?

O processo de aprendizado de uma arte pode ser adequadamente dividido em duas partes: uma, o domínio da teoria: outra, o domínio da prática.
Se eu quiser aprender a arte da medicina, devo primeiro conhecer os fatos a respeito do corpo humano e de várias doenças. Quando tiver todo esse conhecimento teórico, de modo algum serei competente na arte da medicina. Só me tornarei mestre nessa arte depois de grande prática, até que os resultados de meu conhecimento teórico e os de minha prática acabem por mesclar-se numa só coisa: em minha intuição, essência do domínio de qualquer arte. Além, entretanto, de aprender a teoria e a prática, há um terceiro fator necessário para que me torne mestre em qualquer arte: o domínio da arte deve ser questão de extrema preocupação; nada deve existir no mundo de mais importante do que essa arte. Isto é verdade quanto à música, à medicina à carpintaria - e quanto ao amor. E talvez aí esteja a resposta à indagação sobre os motivos pelos quais a gente de nossa cultura tão raramente tenta aprender essa arte, a despeito de seus evidentes fracassos: apesar da profundamente enraizada avidez pelo amor, quase tudo o mais é considerado mais importante do que o amor: o sucesso, o prestígio, o dinheiro, o poder. Quase toda a nossa energia é utilizada em aprender como alcançar esses alvos e quase nenhuma é dedicada a aprender a arte de amar.

Dar-se-á que só se considerem dignas de ser aprendidas aquelas coisas com as quais se pode obter dinheiro ou prestígio, e que o amor, que "só" traz proveito à alma, mas não é proveitoso no sentido moderno, seja um luxo, em que não tenhamos o direito de gastar muita energia?

A Arte de Amar, de Erich Fromm, cap 1, ed Itatiaia.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

O Jeito Carioca de gerir equipes



Gente amiga, acabo de chegar do Rio, minha terra natal e amada. Estive lá por 3 dias fazendo uma série de entrevistas com gestores de uma importante empresa, a fim de identificar necessidades de capacitação.
Por uma destas coincidências (?) da vida,ao chegar em casa, encontro um artigo muito bacana falando do Jeito Carioca de gerir equipes, do prof Luiz Moura, que inclusive, lançou o livro acima. Por que uma feliz coincidência? Porque a referida empresa que eu estava trabalhando, tinha levado para SP, a uns 8 anos atrás, uma área inteira, carregando consigo uma dúzia de cariocas para Sampa. Agora, passado este tempo, a empresa resolveu trazer a área de volta e, consequentemente, um punhado destes cariocas estão de voltas. Quase todos radiantes. Também vieram uns paulistas para cá. Uns estão felizes como "pinto no lixo", outros nem tanto. E, apesar de não ser o foco da entrevista, conversamos muito sobre esta adaptação (ou inadaptação) e pude ouvir argumentos e motivos de paulistanos estarem ou não se adaptando ao Rio e de cariocas que adoraram ou odiaram morar em São Paulo. Pensei muito sobre isso. Bateu certeiro em mim. Afinal, também sou uma carioca morando em Sampa e tudo o que diziam os felizes e os infelizes, me tocava fundo. Verdade que ainda não sei bem de que time sou. Ora amo São Paulo. Ora odeio. Idem para o Rio. Mas, vejam o artigo do prof. Luiz Moura. Ele chegou a estas conclusões baseando-se em pesquisas. E antes que me chamem de bairrista, ele pretende lançar o estilo mineiro e paulistano de gestão, em breve.

No Rio é assim:

* Ambiente de trabalho descontraído
* Informalidade na relação com os subordinados
* Cobrança dura acompanhada de brincadeira que reduz a tensão da exigência
* Uso da autoridade com mais leveza, sem autoritarismo
* Liderança exercida pelo exemplo, pelo convencimento
* Espírito mais conciliador do que impositivo
* Flexibilidade para modificar planos previamente traçados
* Sensibilidade para compreender o subordinado integralmente, não apenas profissionalmente.
* Cordialidade nos relacionamentos profissionais.

Especialista em gestão e RH, Moura conversou com 28 executivos. Buscou lideranças não apenas no universo corporativo: entre os entrevistados estão o técnico de vôlei Bernardinho, o carnavalesco Laíla e uma amiga do autor, Mariza Alves, que foi síndica, durante 12 anos, de um grande condomínio na Barra da Tijuca.

"Eles lideram equipes das quais se exigem grandes performances. Laíla faz espetáculos com 4 mil figurantes. Bernardinho treina grupos de atletas de quem se espera o máximo de rendimento. Mariza administrou um condomínio onde vivem cerca de 2 mil pessoas. É como estar à frente de uma empresa", diz Luiz Moura, carioca de Vila Isabel, mais de 40 anos de experiência em gestão.

A seleção privilegiou os cariocas natos, incluindo ainda quatro gestores que adotaram a cidade, e também representam a cultura do Rio de Janeiro, como a presidente da seguradora Icatu Hartford, Maria Sílvia Bastos, nascida no interior do estado, que se mudou para a capital na juventude. Apenas uma entrevistada vive fora do Rio, a delegada da Polícia Civil paulista Sandra Claro.

"Sandra radicou-se em São Paulo, mas mantém a flexibilidade e o sotaque típicos da cultura carioca", diz Moura. Sua seleção, porém, não é uma exaltação do estilo carioca de administrar, mas a constatação de um perfil de gestor. Ele pretende traçar o perfil de mineiros e paulistas na gestão de pessoas em outros livros.

Mesmo atuando em áreas diferentes, os entrevistados apontaram a intensa relação com a cidade, por meio do uso de espaços públicos, como fator de primeira importância na formação do seu modo de ser e agir. A convivência de diferentes categorias sociais, tanto nas praias da Zona Sul, como nas ruas e praças das outras regiões, hoje os ajuda a romper com a sisudez do ambiente profissional.

"Asfalto e morro sempre se encontram no Rio e isso é uma experiência que favorece o gestor carioca no encontro com sua equipe. Ele sabe se dirigir a todos os tipos de pessoa. Quem é de fora percebe a flexibilidade na capacidade de superação e de enfrentar adversidades, sempre temperadas com um calor humano que caracteriza o carioca", diz Moura.

O bairrismo carioca, a valorização do que se faz e do que acontece na cidade, também é percebido como positivo pelos executivos, por demonstrar o entusiasmo que caracteriza os moradores do Rio.

No livro de Moura, a cidade aparece como referência para todos os entrevistados. "O Rio é cultuado por seus moradores. Quase todos têm muitas atividades ao ar livre. Bernardinho foi me encontrar de bicicleta. Ele se alimenta da natureza, assim como muitos executivos não dispensam uma caminhada na praia antes de trabalhar ou no fim do expediente. Isso ajuda a relaxar, a suportar pressões e favorece a competição sem tanto stress", acredita Moura.

A exuberância natural dos cariocas, no entanto, ainda causa estranheza aos profissionais estrangeiros que chegam à cidade. Segundo Ana Lúcia Vales Domingues Macedo, mestre em Letras pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio), o carioca ainda parece invasivo e efusivo demais para quem não conhece os códigos da cidade. "Isso chega à esfera profissional, embora normalmente os cariocas sejam mais contidos no trabalho. A informalidade sempre existe, mas é menor", diz Ana Lúcia, que é professora de português para estrangeiros e observa aspectos de tratamento social no Rio de Janeiro em sua dissertação de mestrado ("Para depois do elogio - um estudo sobre a polidez carioca").

Moura concorda que a informalidade carioca respeita os limites do escritório. "Essa história de dizer que no Rio todo mundo passa o dia na praia já saiu de moda. O carioca cumpre prazos e quer alcançar resultados, como todos os outros profissionais." De acordo com Ana Lúcia, se a princípio os estrangeiros que vêm trabalhar no Rio se assustam com o que consideram excesso de intimidade dos cariocas, aos poucos eles são conquistados pela cultura da cidade. "A grande maioria se rende à interação, mesmo estranhando, a princípio, os cumprimentos com abraços e beijos. O único aspecto que jamais compreendem é o hábito de as pessoas serem extremamente calorosas com desconhecidos aos quais nunca mais encontrarão na vida. Eles levam a sério o famoso 'a gente se vê', que não sai do discurso e que é quase uma forma de cortesia carioca", diz Ana Lúcia.


Mas, o mais interessante que ouvi de um carioca que retornava, desta tal empresa, é que quando ele comparava a equipe dele em Sampa com a do Rio, percebia assim:
"Sabe o time de futebol do São Paulo? Os caras são sérios, profissionais, treinados, sabem se portar, dar entrevista, passam uma imagem bacana do que é o futebol, né? Tem excelentes resultados. Não há dúvida de que é um sr time. Assim é a minha equipe de São Paulo. Mas, já viu o time atual do Santos? Os moleques são bagunceiros, irreverentes, indisciplinados, alegres, unidos, batem um bolão, jogam fácil, né? Parece que comem bola e que não precisam do técnico. É isso. Meu time do Rio é assim."

sábado, 1 de maio de 2010

Como anda o clima de sua empresa?



Meu amigo, colega de labuta e ex coordenador acadêmico dos tempos da UNESA, escreveu este livro muito bacana - que confesso que é o caminho das pedras sobre o que é, para que serve e como se faz uma Pesquisa de Clima Organizacional.

Muitos gestores, pessoas de RH, e profissionais de diferentes empresas me pedem dicas ou me perguntam sobre o "porque" alguns comportamentos "estranhos" acontecem em suas empresas ou com suas equipes. Por exemplo: numa determinada fábrica de papel, um funcionário urinou sobre a produção que ele mesmo ajudou a fazer durante seu turno; Por que os funcionários copiam os chefes pelo email nas decisões mais simples; Por que as pessoas vêem os problemas, sabem resolvê-los mas não o fazem até o chefe mandar; por que as pessoas faltam e apresentam atestados médicos frios; por que depedram o patrimônio da empresa, etc e etc.. É claro que há várias vertentes e possibilidades para explicar tais "sintomas" - desde falta de educação, até uma raiva contida contra o patrão - variáveis antropológicas, psicológicas, sociais e blá blá blá.
O certo é que todos estes comportamentos "estranhos" são sintomas. Sintomas de algo que quer ser comunicado mas que não tem espaço, voz e aí, "fala" por outras vias. Tem a ver com o tipo de liderança, com a cultura da organização. Por isso se fala em Clima Organizacional. O que é o clima? Dentre várias definições, o livro do Ricardo traz uma que gosto bastante e é do Roberto Coda - prof da FEA USP " é o indicador do grau de satisfação dos membros de uma empresa, em relação a diferentes aspectos da cultura ou realidade aparente da organização, tais como políticas de RH, modelos de gestão, missão da empresa, processo de comunicação, valorização profissional e identificação com a empresa." Logo, gerenciar o clima é uma função importante e estratégica de qualquer líder. Pessoas felizes, satisfeitas e engajadas com a empresa, produzem mais e melhor. Dão o sangue. Ao contrário, gente infeliz, desmotivada e insatisfeita "drenam a energia" do grupo, são improdutivas.

O clima é algo abstrato, mas se materializa de muitas formas: faltas em excesso, atrasos, pichações e destruições às instalações da empresa, greves, conflitos interpessoais e interdepartamentais, fofocas, desperdícios de materiais, queixas no serviço médico, procrastinação, erros, apatia, ineficiência, falta de camaradagem, de sorrisos e até difamações, entre tantas outras.

Quanto mais os gestores se irritam e reúnem os times para reclamar, brigar, ameaçar, cobrar, mais piora o clima. É um círculo vicioso!

O ideal é que se pudesse aplicar uma Pesquisa de Clima, por alguém sério e idôneo, de fora da organização para que se pudesse chegar aos fatores que estão impactando a percepção das pessoas sobre a organização. Estes podem ser: as condições de trabalho, a remuneração, a falta de recompensa, de benefícios, o estilo de liderança autoritário,ou indiferente; falta de reconhecimento, falta de oportunidade de crescer (carreira), de se desenvolver, falta de feedback, de respeito, assédio moral, entre outras.

Algumas ferramentas:
aplicar entrevista de desligamento, ter um ombusdman, um programa de sugestões, um sistema de atendimento a queixas e reclamações, uma linha direta com o RH ou o Presidente, realizar reuniões de equipe de Relações Trabalhistas com os colaboradores, aplicar entrevista com o Serviço Social, etc. E claro, ter reuniões periódicas entre chefes e subordinados, comunicando, com transparência, os resultados e metas da empresa. Que haja também, um acordo do "contrato" de trabalho: o que a pessoa deve fazer, sua importancia, as metas e indicadores, enfim, uma delegação eficiente, com bastante feedback, apoio, treinamento. A cobrança de metas não deve sobrepor o humanamente possível e a competição não deve ultrapassar a cooperação.

O fato é que, todo gestor é o responsável por dar o tom em sua equipe. O clima é diretamente afetado pelo modo como este trata seus colaboradores. A organização pode ter problemas sérios, mas a percepção do clima é muito impactada pela presença e o estilo do líder no trato do dia a dia com seus colaboradores: dar sentido ao seu trabalho, dar desafios, feedback, ouvi-lo, envolve-lo nas soluções, prover os recursos adequados, expo-los a oportunidades de ter visibilidade, ser ético e sincero e, acima de tudo, interessar-se sinceramente pelo seu crescimento e aprendizagem.