"Qualquer um é substituível"

Com esta "pérola" de frase o Sr. Eike Batista ilustra a revista Você SA deste mês, na coluna Notas. A matéria intitula-se Estilo com Resultados e trata de informar sobre a causa ganha por ele contra Rodolfo Landim, seu ex executivo, que alegava ser-lhe devido 1% de participação na holding quando foi demito no ano passado. Não vou entrar no mérito da questão, não me cabe e não tenho competência para isso. Mas, a matéria também informa que "nos últimos anos, diversos executivos deixaram as empresas de Eike após atritos com o empresário, famoso por um estilo peculiar de gerenciar seu time". E cita algumas "pérolas" de frases como a que dá título a este post. O contexto todo da frase é "Aprendi a ler melhor pessoas e selecionar executivos do que ler livros. Qualquer um é substituível."
Com estes exemplos, atrelados a seu filho, que recentemente declarou que durante seu curso universitário inteiro nunca leu um livro todo e que copiava seus trabalhos da internet; associado ao exemplo de aprovação e popularidade de nosso ex presidente Lula que sempre se orgulhou de sua ignorância acadêmica, vamos contruindo uma ilusão em nossos jovens e em nossa sociedade que para "se dar bem na vida" basta sorte, levar vantagens ou que sucesso significa ter dinheiro. Não à toa temos uma das piores educação qualitativa no mundo e deixamos à desejar em vários indicadores internacionais (IDH, PISA, etc).
As pesquisas e os casos de sucesso mostram que a riqueza de um país se dá com forte investimento em educação. A única forma honesta e baseada em seu esforço pessoal que uma pessoa pode ascender na vida é tendo mais conhecimento, mais estudo e mais aplicação técnica de métodos científicos. O resto é sorte e isto a gente não escolhe e não controla.
Saiba o Sr. Eike que a administração e a psicologia são ciências que poderão muito lhe ajudar com suas técnicas e ferramentas a selecionar melhor seus executivos.
Compare a pérola de Eike com a frase de Claudio Fernández-Araoz, sócio da Egon Zehnder consultoria, que já entrevistou mais de 2000 executivos para diferentes empresas com excelentes taxa de sucesso: “Tomar boas decisões (sobre pessoas) não é resultado de intuição. Isso é uma disciplina que deve e pode ser aprendida”.

Você SA, nos poupe de dar foco em pessoas com este tipo de mentalidade. É um desserviço. E para o Sr. Eike, que certamente não lerá este blog, não sei se o sr. tem ou não um toque de Midas, mas que pode ser muito melhor ainda do que é, estudando e se utilizando um pouco mais das ferramentas científicas disponíveis, isto eu tenho certeza.

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