domingo, 10 de abril de 2011

LUTO E PESAR PELA TRAGÉDIA DE REALENGO, RIO DE JANEIRO



Procuro não postar me meu Blog às notícias das tragédias do dia a dia. Ele é focado em Gestão de Pessoas. Mas, como brasileira e sobretudo carioca, não tenho como não me manifestar diante desta barbarie recém ocorrida em minha querida cidade.

Meu luto, meu pesar e minhas preces à cada uma das famílias destes brasileiros carioquinhas, que segundo palavras da Presidente Dilma, "foram arrancados tão precocemente da vida". Por eles, não choro. Na minha crença profunda, sei de suas missões cumpridas e de seu lugar nas áreas de luz das muitas moradas de nosso Pai Celestial. Mas, como consolar uma mãe, um pai, numa dor e numa hora como esta? Quem de nós terá o que dizer? Minhas lágrimas de solidariedade. Meu silencio de respeito e empatia.

Porém, esta dor não me impede de manifestar minha indignação pela minha, pela sua e pela omissão de todos nós. Sim, omissão. Que um acontecimento deste não pode ser previsto, é fato. Mas que a proporção que tomou poderia ter sido bem menor, certamente que poderia. A começar com nossa omissão diante das eleições, das ações dos políticos que elegemos no Congresso e no Senado, com as leis que criam, alteram ou não corrigem... Sim, por que como nação, que leis e processos temos para amparar, acolher, tratar e deixar conviver em sociedade nossos "loucos"? Sim, como o assassino de Realengo estudou tanto tempo e nunca, nenhuma escola pública, nenhuma empresa onde trabalhou, nenhum médico que o consultou até seus vinte e poucos anos, nenhum religioso dos templos que frequentou, nenhum parente percebeu seu desvio de personalidade? Era só mais um "esquisito"? Porém, se o perceberam e quiseram ajudá-lo, pra onde encaminhá-lo? Onde tratá-lo? Quais são nossas políticas públicas de detecção e tratamento das pessoas portadoras de distúrbios mentais? A quem isso diz respeito? Não a mim? Não a você?

Nossa legislação para aquisição de armas, como se dá? Como é fácil adquirir armas... Mesmo pessoas portadoras de distúrbio mentais podem consegui-las bem mais facilmente do que uma vaga em um hospital para tratamento psiquiátrico. Quem faz as leis que regulam isso? Quem fiscaliza estas leis? Quem é responsável por sua aplicação em nível municipal, estadual e federal? Eu não tenho nada com isso? Nem você? Quem elege estas pessoas? E a aquisição de drogas? Como é fácil obter drogas, meu Deus! E acesso a informações sobre ações terroristas radicais ? Facílimo! E entrar em uma escola pública ( e até em muitas privadas) com armas, sem identificação prévia ou necessidade de fornecer as informações mais básicas: aonde se vai, falar com quem sobre o que? Há policiais nas escolas? E detector de metais? Não pode por que fere os direitos humanos?? É isso?

Junte-se todos estes elementos e temos a tragédia de Realengo. Fácil tratá-la como algo de trágico, como os terremotos ou as tsunamis do Japão. Cômodo dizer de "vontade divina" ou coisa que o valha. Bem, mais fácil. Difícil e trabalhar por sua prevenção.

O que fazemos com nossos loucos? Com as drogas, com as armas, com a falta de policiamento nas escolas, com o acesso irrestrito de todo tipo de conteúdo perverso na internet????

Qual a solução? Eu sozinha não sei. Mas nós, como coletividade, sabemos. Temos que cobrar, exigir e atuar na fiscalização do cumprimento das leis. Não dá mais para viver nossa vidinha quotidiana como emas, com a cabeça no buraco, sem olhar para nossa coletividade e trabalhar por uma sociedade mais humana, mais justa, mais igualitária. Não dá para deixarmos à mercê da boa vontade de alguns o que diz respeito à todos nós.

Que a vida precocemente ceifada de nossos brasileirinhos não tenha sido em vão. Que possamos conscientizarmo-nos da importância de nossa ação coletiva e passarmos a exercer nossa cidadania de forma mais responsável. Congressos cheios de Tiriricas, Valdomiros, Renans, e toda esta corja que só suja o nome de nosso país e que se regala com o dinheiro público, enquanto nós, como gados de manobra, caminhamos a mercê da boa vontade de alguns, esperando do Céu algo que mude nossa precária condição. Esperando por salvação de "pais ou mães" dos pobres... Precisamos acordar. Precisamos agir. Precisamos fazer nossa parte.

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