domingo, 13 de janeiro de 2013

As cinco linguagens do amor

Esta eu compartilho do livro de mesmo título, de Gary Chapman, editora mundo cristão. Apesar do viés religioso, já que Chapman é um conselheiro matrimonial e pastor,o livro traz um ensinamento muito interessante que demonstra que o amor não tem uma linguagem universal. Chapman diz que cada um tem uma linguagem preferencial de amor, que é a forma como sabe demonstrar seu amor e que, na maior parte das vezes, espera também receber. Só que se a outra pessoa demonstra amor de um modo diferente do seu próprio, este pode acabar sentindo-se pouco amado. O que significa estar pouco nutrido. Quando não se recebe amor na quantidade e na qualidade desejada, a pessoa entra em sofrimento e tende a achar que não é mais tão amado. Muitos relacionamentos acabam por isso. Há também a dificuldade de perceber os gestos de amor do outro. Se o outro não demostra amor na minha linguagem, posso não perceber o amor que ele me dá. E então, é aquele filme que todos já vimos: " eu faço tanto por você e você não vê, não liga, não valoriza" E o outro diz" mas eu nunca te pedi para fazer isso. Eu nem gosto disso. O que eu quero mesmo é aquilo." e de novo o outro argumenta que isso não é nada,que importância tem perto desta outra coisa... enfim, são percepções e desejos diferentes que não foram afinados, detonam qualquer grande amor. Complicado, né? Bem, então o Dr. Chapman diz que existem muitas linguagens do amor, mas 5 são mais frequentes: 1- Palavras de afirmação- são os bons e velhos elogios, valorização, agradecimento. Tanto que existe um piada em que a mulher cobra o marido por não dizer que a ama e ele responde, mas se eu já te amo,ainda tenho que dizer? Se esta é sua linguagem de amor, provavelmente você é generoso em elogiar e, provavelmente, se ressente muito se a outra pessoa não faz o mesmo. Você gosta, dá e espera elogios, podendo sentir-se só ou magoado quando eles não vêm. 2- tempo de qualidade - é quando você precisa estar junto com a pessoa, fazendo coisas juntos, conversando, sendo ouvido com atenção e também ouvindo os pensamentos e desejos do outro. É necessário dar e receber atenção, estar inteiro com a outra pessoa. Outro exemplo típico: A mulher contando o seu dia enquanto o marido olha o futebol na televisaõ e só responde monossílabos ou vogais.... Se ela reclama, ele diz que estava ouvindo, mas ela certamente, interpretou que para ele o futebol ou noticiário é mais importante do que ela própria. E iso é só um exemplo. Há também maridos que querem que as mulheres ouçam os pormenores de sua reunião de negócios o que ele disse e o que o outro falou e também se sentem rejeitados quando ela não demonstra interesse e entusiasmo. 3- Presentes- Esta linguagem é quando a pessoa gosta de dar coisas e agrados ao outro. Não precisa ser sempre coisas de valor, são apenas "mimos". Bilhetinhos, coisas feitas por si mesmo, ou presentes mesmo. As vezes ao menor comentário de que você gostou de algo, lá vem a pessoa te dando aquilo e você até se assusta, ou por vezes nem se lembra de que comentou que gostou daquilo, não é mesmo? É porque para este tipo de pessoa, lembrar-se de você, agrada-lo e mimá-lo é a forma de expressar seus sentimentos. Cuide para retribuir, pois lembre-se que em geral, a forma como a pessoa demonstra amor é provavelmente a linguagem que ela também gosta de receber. Daí ser muito frustrante quando a outra parte não se toca, não demostra muito entusiasmo, perde, esquece de usar as coisas que o outro deu ou mesmo manda aquele petardo "Hã, não precisava... gastar dinheiro com isso, que bobagem!". Uma amiga me contou que deu uma mochila linda (e cara) ao seu marido que é montanhista e ele deu a mochila a um amigo que ia para o Aconcágua. Quando ela, furiosa, foi cobra-lo da mochila, ele respondeu "Mas, foi você que me deu àquela mochila? Não, esta mochila eu trouxe da viagem ao Canadá" ou seja, ele nem sabia direito sobre a mochila. Imagina?! Bem, nem preciso dizer que estes dois já estão separados... 4- Atos de serviço- Bem, aqui temos uma outra linguagem de amor que pode gerar muita confusão. É quando um dos cônjuges procura agradar o outro realizando coisas que ele aprecia, expressando amor por atos de serviço. Ex: cozinhar um prato especial, ajudar com um serviço doméstico, enfeitar a casa, cuidar de suas coisas ou objetos, lavar seu carro, etc. E por que pode gerar confusão? Porque, por vezes, a outra parte pode não perceber doação, gentileza e amor nisto e começar a acha que a outra parte tem "obrigação", ou que fez por que quis, ou mesmo não valorizar o seu esforço. Ex: Meu amigo me contou que levanta todo os dias às 06:30 da manhã para colocar o cachorrinho de sua esposa para fazer xixi e em seguida, deixa-o subir na cama para que ela possa acordar com ele, já que a esposa adora àquele cachorro e que quando se levanta, ele - o marido- já foi para o trabalho. E ela, deixa sempre a mesa do café da manhã já posta para ele e seu sanduíche embrulhadinho na geladeira para que ele só tenha o trabalho de pegar e sair.Olha que amor! 5- Toque físico- Todos já sabemos que o toque físico é uma forma muito importante de se comunicar o amor emocional. Tanto que inúmeras pesquisas revelam que um bebê que não é acariciado, tocado e manuseado, tem seu desenvolvimento físico e psicológico completamente comprometido. O toque físico é um poderoso veículo de comunicação do amor conjugal. Andar de mãos dadas, beijar, abraçar, relacionar-se sexualmente; bem como olhar nos olhos, sorrir, cuidar. Porém, quando um dos cônjuges não se sente nutrido e amado em sua linguagem de amor, ele pode não ter desejo de contato físico com o parceiro. É difícil você querer abraçar ou beijar uma pessoa que não lhe valoriza, não lhe aprecia e que não lhe nutre emocionalmente, não é mesmo? Só que , lembre-se que esta "não te nutre" pode ser apenas que ele não o faça na sua linguagem preferencial. Bem, como vimos, é crucial num relacionamento a dois que um entenda, reconheça e ofereça amor ao outro na linguagem que ele valoriza. É, segundo, Dr. Chapmam, como aprender um outro idioma. Reconheça e expresse também as suas necessidades em sua linguagem. Se para você atos de serviço não são importantes, mas para seu conjuge é, converse sobre isso com ele e procure antenar-se mais para que ele se sinta mais nutrido e reconhecido. Lembrando de também explicar e solicitar o que é importante para você. Me lembrou de uma música dos anos 80, que dizia assim: "Sim, é como a flor, de água, ar, luz e calor, o amor precisa para viver; de emoção e de alegria, e tem que regar todo dia". Beijos e venha conhecer um pouco mais de nosso trabalho em www.LDelaroli.com.br

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Decálogo da Serenidade

Olá Amigos e amigas! Andei muito sumida. Trabalho à beça, mas muito aprendizado. Quero começar o ano desejando à todos um 2013 cheio de sonhos e possibilidades de realizá-los. E aí, recebo este belo decálogo do grande amigo Robson Santarém, que compartilho com vocês. Um grande ano! "Hoje... procurarei viver exclusivamente este dia, sem querer resolver os problemas de minha vida de uma só vez. Hoje... terei o máximo de cuidado no trato com os outros: serei cortês em minhas maneiras, não criticarei a ninguém nem pretenderei modificar ou disciplinar a ninguém, exceto a mim mesmo. Hoje... sentir-me-ei feliz, na certeza de ter sido criado para a felicidade, não somente no outro mundo, como também neste. Hoje... adaptar-me-ei às circunstâncias, sem pretender que as circunstâncias se adaptem aos meus desejos. Hoje... dedicarei dez minutos do meu tempo a uma boa leitura, lembrando-me de que, assim como o alimento é necessário para a vida do corpo, assim a boa leitura é necessária para a vida da alma. Hoje... farei uma boa ação e não contarei a ninguém. Hoje... farei ao menos uma coisa de que não gosto e se me sentir ofendido em meus sentimentos tentarei proceder de tal forma que ninguém disso se dê conta. Hoje... estabelecerei um programa detalhado para meu dia. Talvez nem consiga cumpri-lo cabalmente, mas o escreverei e me guardarei de duas calamidades: a pressa e a indecisão. Hoje... serei firme na fé de que a Providência de Deus se ocupa de mim como se eu fosse único neste mundo, mesmo que as circunstâncias demonstrem o contrário. Hoje... não terei medo de nada. Em particular, não terei medo de gozar o que é belo e de crer na bondade. Durante as doze horas de um dia, posso fazer o bem, o que me desanimaria se pensasse que teria que fazê-lo a vida toda." Decálogo da Serenidade João XXIII - Papa entre 1959 e 1963 Visite-nos em www.LDelaroli.com.br

domingo, 18 de novembro de 2012

Tudo se compra?

A matéria de capa da Veja desta semana é, no mínimo, intrigante... será que diante de tantos acontecimentos interessantes no Brasil e no mundo, nesta semana, merecíamos ver destacada na matéria de capa a triste notícia da "pobre" moça de apenas 20 anos, que leiloou sua virgindade na internet e , pasmem, conseguiu U$ 780.000,00 por ela! O filósofo Michael Sandel, de Harvard, abre um debate alarmante e importantíssimo: "Estamos virando uma sociedade de mercado? que caracteriza-se pelos valores sociais, a vida em família, a natureza, a educação, a saúde, até os direitos cívicos podem ser comprados e vendidos. Uma sociedade em que todas as relações humanas tendem a ser medidas apenas pelo seu aspecto econômico. Abaixo transcrevo alguns trechos da entrevista: Pergunta: O senhor acha que já vivemos neste tipo de sociedade em que tudo se vende e tudo se compra, sem limites éticos? Michael: Acho que é uma tendência que vem se desenvolvendo desde o começo da década de 80, do século passado. Hoje, muita gente tem fé no pensamento econômico como único instrumento para atingir o bem público. (...) Essa visão isoladamente é limitada e desconsidera os valores morais, as atitudes e as complexidades das relações humanas. Precisamos desafiar esta ideia. O mercado produz riquezas materiais, mas a sua lógica não pode dominar todas as demais relações entre as pessoas. Isso é empobrecedor. P: Em que situações a lógica da economia de mercado pode se tornar perigosa para a sociedade? Michael: Sempre que os mecanismos de mercado são introduzidos em esferas novas da vida, precisamos fazer duas perguntas. A primeira é se a escolha dos indivíduos envolvidos nas transações é realmente voluntária ou se existe um elemento de coerção. No caso da prostituição, precisamos questionar se a pessoa que vende seu corpo é desesperadamente pobre. Sua escolha pode não ser livre de verdade. A segunda pergunta deve ser sobre a degradação e a corrupção de certos valores. Alguém pode opor-se à prostituição dizendo que ela é intrinsecamente degradante. Ela tira o valor da sexualidade e torna a pessoa humana em um objeto, um instrumento de uso e lucro. P: Por que o ato de estabelecer o preço de algo altera o seu valor? Michael: Bem, esse é o ponto central de meu argumento. Muitos economistas acreditam que o mercado não altera a qualidade ou o caráter dos bens. Isso pode ser verdade se falamos de bens materiais (...). Mas o mesmo não ocorre quando nos referimos as relações familiares, amizades, cidadania, justiça, saúde, procriação e educação. Nessas áreas, usar a lógica de mercado pode alterar nossas atitudes em relação a esses bens. (...) P: Isso ajuda a explicar a repulsa ao leilão de virgindade realizado pela brasileira Ingrid Migliorini? Michael: Sim, isso joga luz sobre a degradação envolvida nesse leilão. Essa história é uma ilustração chocante da nossa tendência de colocar uma etiqueta de preço em tudo. Outro exemplo dessa tendência é a compra de votos. Do ponto de vista da lógica do mercado, faz sentido alguém que não se importa com seu voto vendê-lo ao melhor comprador. Mas nós não deixamos isso acontecer, porque não encaramos o voto como propriedade privada, mas como um dever cívico que não deveria estar à venda. P: Enquanto falamos, a mais alta corte do Brasil está julgando políticos governistas que compraram o apoio de partidos e parlamentares para aprovar projetos de interesse do governo no primeiro mandato do presidente Lula... Michael: (...) o fato de ele ter mobilizado tanto a opinião pública mostra que a população quer impor certos limites morais à influência que o dinheiro tem na política e na vida cívica. O mensalão é um exemplo dramático do dano causado quando o mercado é introduzido em áreas às quais não pertence. A reação à venda da virgindade e do voto ilustra a importância de termos um debate público sobre os limites morais do mercado. Precisamos discutir as circunstâncias em que a lógica de mercado efetivamente serve aos interesse público e os domínios dos quais ele deveria permanecer de fora. P: Como podemos saber em quais áreas a lógica de mercado pode atuar por ser útil à sociedade? Michael: (...) nas últimas décadas nós fomos muito relutantes em debater esse tema publicamente. Não podemos mais evitar a discussão sobre o significado dos valores morais e das circunstâncias nas quais eles se degradam. Todas as visões, sejam elas religiosas ou seculares, deveriam ser convocadas para um debate democrático e amplo sobre esse assunto. Sem dúvida, as respostas serão diferentes para a educação e para a saúde, para a vida privada e para a pública.

RETENÇÃO DE TALENTOS : O DESAFIO NA GESTÃO DE PESSOAS

Nunca antes na história do Brasil, vivemos o momento chamado de “pleno emprego”. Nossos indicadores sociais melhoraram muito. Muito há para ser feito, isto é fato, mas avançamos bastante. Tudo isso fruto de um forte investimento de diferentes setores organizacionais, políticos e econômicos, favorecido também pelas conjunturas externas dos mercados internacionais. Como nem tudo são flores, junto com o pleno emprego, temos a escassez de profissionais qualificados com as competências necessárias para fazer frente aos desafios atuais e futuros das organizações. Diante deste cenário, torna-se imprescindível que as empresas supram estas competências necessárias e escassas. Competências estas tanto técnicas quanto comportamentais. Como diz muito adequadamente Peter Senge, vivemos a era da informação, cuja forma de se obter vantagem competitiva é através da INOVAÇÃ
O. Para inovar, o insumo básico é o CONHECIMENTO. Como conhecimento é propriedade exclusiva de PESSOAS, concluímos que para obter vantagem competitiva uma organização precisará necessariamente gerir pessoas. Identificar, alavancar, desenvolver permanentemente novos conhecimentos em busca da inovação, da melhoria contínua e suas consequências, a inovação. Só gente inova. Só gente pode alavancar novas competências. Há cada ano mais e mais empresas disputam uma acirradíssima competição para estar no guia da Revista Exame, das “ Melhores e maiores Empresas para se trabalhar”, bem como no guia da Great Pleace to Work, e por que? Porque estar entre as Melhores é, dentre outros, um referencial de atratividade dos melhores talentos. Os talentos desejam estar nas melhores empresas. Ficou alguma dúvida da importância estratégica de gerir pessoas? Muito bem! E o que os trabalhadores que avaliam as Melhores Empresas, segundo resultados analisados, consideram como fatores para atribuir este grau a uma organização? 1º desejam trabalhar em organizações que tenham uma causa da qual se orgulham de pertencer, uma missão, um papel socialmente responsável. 2º desejam ter um trabalho em que se sintam desafiados e do qual tenham orgulho também. 3º querem ter um bom líder: generoso, próximo, que os estimule, lhes dê feedback, com o qual se sintam aprendendo, crescendo e que possam inspirar-se para seguir o exemplo. 4º querem ainda ter uma boa percepção de “compensação”. Ou seja, que o que recebo em troca do quanto dou para esta empresa é uma correlação positiva. Aqui entram os aspectos tangíveis ( salários, benefícios, facilidades, remuneração variável, etc) e intangíveis (clima, cortesia, respeito, camaradagem, reconhecimento, valorização, etc). Como estão estes indicadores em sua empresa? E em sua equipe? Os líderes tem um papel significativo nestes fatores de retenção. Estas percepções vem muito mais das ações, atitudes e na relação que o líder estabelece dia a dia com cada um de seus colaboradores, do que com as políticas e normas estabelecidas e penduradas nas paredes em belos quadros que os departamentos de Recursos Humanos, Comunicação ou Qualidade colocam nas paredes, concorda? Então, meus caros, reter talentos é uma questão muito mais de ação humana, empatia, respeito e valorização do ser humano do que treinamentos, processos e programas “descolados” das relações interpessoais do dia a dia. Pense nisso. Escolha líderes por sua capacidade de engajar, de inspirar e não apenas por seu domínio técnico. Olhando mais para o ser humano, teremos empresas mais preparadas para Reter e Desenvolver seus talentos.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Ter as mãos vazias

"Na obra de Castañeda, aprendi a importância de caminhar com as mãos vazias. Este é o caminhar da leveza, equivalente a ter a mente vazia. Geralmente, caminhamos carregando todos os nossos tesouros, nossos pertences, álbuns de fotografias, nossos diplomas e experiências. Passado e futuro pesam, como chumbo, nas nossas sofridas mãos. ter as mãos vazias é sacudir, como pó da estrada, os entulhos do passado e do futuro; é o desprender-nos de todo autoritarismo exterior: nossos venerados mestres, com suas pesadas escrituras, métodos e técnicas. É também desprender-se de todo autoritarismo interior: nossas veneradas memórias, as assombrações dos diálogos internos e a eloquencia das experiencias vividas. Somos livres apenas quando nada temos a defender. Nenhuma bandeira, nenhuma metralhadora, o que deixa nossas mãos livres para a tarefa, nada fácil, de nos fazermos criação permanente. Era uma vez um americano turista que, estando em Israel, foi visitar um sábio rabino. Lá chegando, espantou-se com aquela casa vazia; nenhuma mobília, nenhum enfeite, nenhum quadro na parede, nem mesmo cadeiras e mesas, nem mesmo cama e armários. Sem poder conter a sua perplexidade, indagou: "onde estão as suas coisas, meu Senhor?". "E onde estão as suas?" , contraperguntou o velho rabino. "Ora, estão na minha casa, no meu país de onde venho; eu estou aqui só de passagem", respondeu o turista. "Eu também!", sentenciou o mestre. A consciência de que estamos aqui de passagem torna a existência uma bela e valiosa aventura. Chegamos de mãos vazias, iremos de mãos vazias. Só levamos conosco o passaporte das nossas ações." Roberto Crema, em Saúde e Plenitude, Ed Summus. Este livro tesouro me foi dado de presente pela amiga irmã Maritza em julho de 2001. Na época não tinha condições de entender seus ensinamentos. 11 anos depois, ei-lo aqui, iluminando nossa jornada. Me remete a outra passagem do mesmo livro " E não se pode apressar o encontro. Cada pessoa tem seu ritmo próprio, que precisa ser respeitado, pois há nele uma sabedoria implícita. Violentar este ritmo é equivalente a arrancar, prematuramente, a casca de uma ferida"
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domingo, 26 de agosto de 2012

O Novo RH - curso inovador de formação

No dia 22 de outubro, terá início o primeiro programa de uma parceria selada entre a ABRH-Nacional, o Great Place to Work (GPTW) e a Ânima Educação. Intitulado Desenvolvimento de Líderes de RH – Gerando Valores e Resultados, o programa foi customizado para atender às novas demandas dos profissionais de RH em posição de liderança ou que estejam se desenvolvendo para ocupá-la. “Enfrentamos desafios únicos com as novas gerações, tecnologias, inovações e competências. Temos consumidores mais exigentes e um novo ambiente de negócios que demanda produtividade e competitividade. Tudo convida para mudar e a criar o Novo RH”, justifica o diretor de Educação da ABRH, Luiz Edmundo Prestes Rosa. Além do foco diferenciado, o programa conta com um time docente composto de renomados especialistas e um formato que enfatiza aprendizado estratégico e vivencial, incrementados com a apresentação das práticas globais de organizações listadas no ranking das melhores empresas para trabalhar do GPTW. Gestão do Capital Humano, Criação de Valor e o Novo RH são alguns dos temas contemplados no programa, cujos detalhes foram apresentados por Prestes Rosa, durante o CONARH 2012, realizado neste mês. visitem abrhnacional.org.br

A COMPLICADA ARTE DE VER

Ela entrou, deitou-se no divã e disse: "Acho que estou ficando louca". Eu fiquei em silêncio aguardando que ela me revelasse os sinais da sua loucura. "Um dos meus prazeres é cozinhar. Vou para a cozinha, corto as cebolas, os tomates, os pimentões - é uma alegria! Entretanto, faz uns dias, eu fui para a cozinha para fazer aquilo que já fizera centenas de vezes: cortar cebolas. Ato banal sem surpresas. Mas, cortada a cebola, eu olhei para ela e tive um susto. Percebi que nunca havia visto uma cebola. Aqueles anéis perfeitamente ajustados, a luz se refletindo neles: tive a impressão de estar vendo a rosácea de um vitral de catedral gótica.De repente, a cebola, de objeto a ser comido, se transformou em obra de arte para ser vista! E o pior é que o mesmo aconteceu quando cortei os tomates, os pimentões... Agora, tudo o que vejo me causa espanto." Ela se calou, esperando o meu diagnóstico. Eu me levantei, fui à estante de livros e de lá retirei as "Odes Elementales", de Pablo Neruda. Procurei a "Ode à Cebola" e lhe disse: "Essa perturbação ocular que a acometeu é comum entre os poetas. Veja o que Neruda disse de uma cebola igual àquela que lhe causou assombro: 'Rosa de água com escamas de cristal'. Não, você não está louca. Você ganhou olhos de poeta... Os poetas ensinam a ver". Ver é muito complicado. Isso é estranho porque os olhos, de todos os órgãos dos sentidos, são os de mais fácil compreensão científica. A sua física é idêntica à física óptica de uma máquina fotográfica: o objeto do lado de fora aparece refletido do lado de dentro. Mas existe algo na visão que não pertence à física. William Blake sabia disso e afirmou: "A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê". Sei disso por experiência própria. Quando vejo os ipês floridos, sinto-me como Moisés diante da sarça ardente: ali está uma epifania do sagrado. Mas uma mulher que vivia perto da minha casa decretou a morte de um ipê que florescia à frente de sua casa porque ele sujava o chão, dava muito trabalho para a sua vassoura. Seus olhos não viam a beleza. Só viam o lixo. Adélia Prado disse: "Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra". Drummond viu uma pedra e não viu uma pedra. A pedra que ele viu virou poema. Há muitas pessoas de visão perfeita que nada vêem. "Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. Não basta abrir a janela para ver os campos e os rios", escreveu Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa. O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido. Nietzsche sabia disso e afirmou que a primeira tarefa da educação é ensinar a ver. O zen-budismo concorda, e toda a sua espiritualidade é uma busca da experiência chamada "satori", a abertura do "terceiro olho". Não sei se Cummings se inspirava no zen-budismo, mas o fato é que escreveu: "Agora os ouvidos dos meus ouvidos acordaram e agora os olhos dos meus olhos se abriram". Há um poema no Novo Testamento que relata a caminhada de dois discípulos na companhia de Jesus ressuscitado. Mas eles não o reconheciam. Reconheceram-no subitamente: ao partir do pão, "seus olhos se abriram". Vinicius de Moraes adota o mesmo mote em "Operário em Construção": "De forma que, certo dia, à mesa ao cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção, ao constatar assombrado que tudo naquela mesa - garrafa, prato, facão - era ele quem fazia. Ele, um humilde operário, um operário em construção". A diferença se encontra no lugar onde os olhos são guardados. Se os olhos estão na caixa de ferramentas, eles são apenas ferramentas que usamos por sua função prática. Com eles vemos objetos, sinais luminosos, nomes de ruas - e ajustamos a nossa ação. O ver se subordina ao fazer. Isso é necessário. Mas é muito pobre. Os olhos não gozam... Mas, quando os olhos estão na caixa dos brinquedos, eles se transformam em órgãos de prazer: brincam com o que vêem, olham pelo prazer de olhar, querem fazer amor com o mundo. Os olhos que moram na caixa de ferramentas são os olhos dos adultos. Os olhos que moram na caixa dos brinquedos, das crianças. Para ter olhos brincalhões, é preciso ter as crianças por nossas mestras. Alberto Caeiro disse haver aprendido a arte de ver com um menininho, Jesus Cristo fugido do céu, tornado outra vez criança, eternamente: "A mim, ensinou-me tudo. Ensinou-me a olhar para as coisas. Aponta-me todas as coisas que há nas flores. Mostra-me como as pedras são engraçadas quando a gente as têm na mão e olha devagar para elas". Por isso - porque eu acho que a primeira função da educação é ensinar a ver - eu gostaria de sugerir que se criasse um novo tipo de professor, um professor que nada teria a ensinar, mas que se dedicaria a apontar os assombros que crescem nos desvãos da banalidade cotidiana. Como o Jesus menino do poema de Caeiro. Sua missão seria partejar "olhos vagabundos"... Rubem Alves – Educador e escritor.