sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

êxito e fracasso



Por Autimio Antunes

A vida do outro parece melhor que a minha... Quem nunca pensou assim consigo mesmo? O fulano está sempre feliz, sorrindo, rodeado de amigos e fazendo aquilo que gosta. E eu... Sempre numa pior, cheio de preocupações, medos, dúvidas, receios, ansiedades. Acrescentamos, ainda, que não temos o necessário para nosso bem-estar: “ah, os outros parecem ter tudo que precisam para levar uma vida tranqüila”.
As pessoas que se questionam dessa maneira sofrem das aparências! O que vemos é apenas parte da realidade das pessoas. A intimidade de cada um é o que vai dar o verdadeiro matiz de sua vida: o âmago de seus relacionamentos, de sua família, de seu trabalho, de seu mundo com êxitos e fracassos.
Outro típico “protesto” dos sofredores das aparências: “cumpro meus deveres com empenho e sacrifício, enquanto tem um monte de gente que recebe tudo de mãos beijadas, absolutamente tudo dá certo para elas!” Será que a realidade é realmente essa? Vale a penas lutar?
Para esclarecer este dilema que corrói tantas pessoas que vivem nesta – no mínimo incômoda – situação, a saída é ter um conhecimento completo e amplo da vida dos demais. Não por pura curiosidade, mas por uma questão de racionalidade... E, quando o “alvo” é uma celebridade, é essencial não perder de vista que se trata de um ser humano, com capacidades e dificuldades como qualquer outro.
Longe do discurso batido de que devemos reparar nas pessoas que vivem em condições muito piores do que as nossas, encontraremos exemplos de pessoas consagradas e de grande visibilidade, com dois “mundos”: o aparente e um outro, bem diferente – o real. Descobrir a verdade e a realidade pode causar “admiração”. No entanto, esta descoberta nunca é repentina, exige um processo de familiarização.
O que nos faz levantar da cama são nossos ideais, nossos objetivos, aquilo que dá sentido para a nossa vida, independente de nosso estado de ânimo, sentimentos, e condições físicas. Em resumo: o sentido, a direção, que damos para nossa vida depende dos nossos “ideais” e das “tarefas” para alcançá-los. E na realização dessas tarefas podemos ter êxitos ou fracassos.
Sabemos muito bem que os fracassos nos acompanham sempre e nos fazem sofrer. Sentimos dor por eles. E, para descobrirmos o sentido da dor, precisamos adquirir capacidade para assimilá-la.
Analisemos, por exemplo, o que já se passou na intimidade de Andre Agassi, um dos cinco maiores jogadores de tênis de todos os tempos:
“Estou com 10 anos, disputando o campeonato nacional norte-americano. Segunda rodada. Estou perdendo feio para um garoto mais velho, considerado o melhor do país. Não que isso facilite as coisas para mim. Por que a derrota dói tanto? Como uma coisas pode doer tanto? Saio da quadra desejando estar morto. Vou para o estacionamento, mal me agüento nas pernas. Enquanto meu pai junta nossas coisas e se despede dos outros pais, eu me acomodo no carro, aos prantos”. São palavras de Agassi, em sua autobiografia.
A partir deste exemplo, podemos extrair um pensamento de Ricardo Yepes, que esclarece – ou pelo menos começa a nos ajudar a entender – a dor na nossa vida.
Diz ele: “quem triunfa demais, ou demasiadamente rápido, corre o risco de confiar em suas forças além da medida e afastar-se da realidade”.
Voltando ao mundo do tênis, um olheiro à procura de novos talentos se aproxima de Andre e diz: “dias como este são difíceis, muito mais difíceis na verdade, mas no fundo essas experiências servem para nos deixar fortes.”
E qual é a realidade desta situação? O outro jogador é mais velho, melhor nesta conjuntura e o caminho é treinar ao longo dos anos que perfazem esta diferença, e poder realizar uma nova “tarefa” (novo jogo) para encarar uma nova realidade. Se dói, é porque damos valor, muito valor, para aquilo que não conseguimos alcançar. E, se vale a pena este valor, o único caminho é voltar às tarefas, em busca de um êxito.
Completa seu conselho, o olheiro, ao garoto Agassi. “Muito bem. Então vá em frente e chore. Sinta essa dor por mais algum tempo. Mas depois diga para você mesmo: acabou, é hora de voltar ao trabalho.”
O segredo é aprender a relativizar o fracasso, saber rir e ridicularizar, para , então, livrar-se dele. Assim fizeram os bem sucedidos. Amargurar-se pelos próprios fracassos é sinal de que não nos reconhecemos como limitados. E se reconhecer limitado ajuda a encarar os fracassos com mais tranqüilidade e a buscar apoios ( pais, amigos, professores, Deus...) que nos ajudem a conseguir mais êxitos na realização de nossas tarefas em busca do nosso ideal.
São os ideais que constituem a grande força que nos resgata dos fracassos e não permite que nos amarguremos na dor. E, quando levamos uma vida assim, passamos a entender um pouco melhor o porquê da dor e dos fracassos e, acima de tudo, a relativizar as aparências e a valorizar a realidade das coisas e das pessoas.

2 comentários:

  1. obrigada pela mensagem. escreve sempre mais nós precisamos. bjs

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  2. Valeu gostei muito, à mensagem é ótima passa para gente que temos mas que se preuculpar com a nossa vida e deixa a vida do próximo.

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